PUBLICIDADE

Planalto dá sinais de que pode abandonar Orlando; PCdoB resiste

Presidente do partido foi alertado por secretário-geral da Presidência; governo queria mudança em cúpula da pasta

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa , Tania Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

O inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar denúncias de fraudes e desvios de recursos em convênios no Ministério do Esporte agravou a situação do titular da pasta, Orlando Silva. Em conversas reservadas com dirigentes do PC do B, o ministro disse que se sentia “fritado” pelo PT e seu sentimento era o de estar sendo abandonado pelo Planalto.

PUBLICIDADE

No fim da tarde de ontem, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, foi chamado ao Palácio do Planalto para uma conversa com o chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. O ministro afirmou que a presidente Dilma Rousseff acompanhava atentamente as denúncias contra Orlando e manifestou preocupação com a avalanche de acusações contra ele.

“O quadro é de observância justa e preocupada”, resumiu Carvalho. Ele pediu ao PC do B que não abra fogo contra o PT, sob a alegação de que isso pode piorar as coisas. O governo esperava que Orlando fizesse mudanças rápidas na cúpula do ministério, na tentativa de dar uma resposta às denúncias de irregularidades. Auxiliares de Dilma agora têm dúvidas se ainda é possível reverter o quadro negativo com essa atitude.

Rabelo disse que o PC do B mantém o apoio ao titular do Esporte e não aceitará outro nome para ocupar a pasta. “Não podemos admitir um tribunal de exceção”, insistiu ele.

O PC do B também rejeita a hipótese de escambo político, na qual trocaria um ministério por outro. Na avaliação dos comunistas, entregar o cargo antes da reforma ministerial, prevista para janeiro, seria atestado de culpa.

Surpresa. A saída de Orlando, porém, é cada vez mais uma questão de tempo. O governo ficou surpreso com a rapidez com a qual o STF abriu inquérito para investigar denúncias de envolvimento do ministro em esquemas de corrupção no Esporte. Nos bastidores havia até mesmo suspeitas de que o procedimento era mais um capítulo do enfrentamento do Judiciário com o Executivo.Desde agosto, o Judiciário trava uma batalha com o governo porque a previsão de reajuste da categoria ficou de fora do Orçamento da União.

Na prática, porém, a investigação levou a crise para o Planalto. Na sexta-feira, quando deu um voto de confiança a Orlando, Dilma foi taxativa. “Vamos esperar os próximos acontecimentos”, disse ela. A presidente não gostaria de comprar uma briga com o PC do B agora, principalmente porque o partido continua ameaçando “detonar” o suposto esquema de fraude que teria sido montado por Agnelo Queiroz (PT), antecessor de Orlando no ministério e hoje governador do Distrito Federal. À época, Agnelo era do PC do B.

Publicidade

Ao participar ontem de audiência da comissão da Câmara que trata da Lei Geral da Copa, Orlando passou boa parte do tempo explicando denúncias. A tropa de choque governista que o acompanhou nos depoimentos da semana passada, na Câmara e no Senado, estava ontem bastante reduzida, em mais um sinal de sua fragilidade política.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.