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PL critica reação do PT às invasões do MST

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), criticou nesta terça-feira a reação do PT às invasões recentes do Movimento dos Sem-Terra (MST) e disse que vai sugerir aos petistas uma atitude mais firme contra esse tipo de ação. Costa Neto é um dos defensores da aliança entre os dois partidos, mas está preocupado com os efeitos da invasão na campanha de Lula. "Isso pode prejudicar a candidatura Lula, e o Zé Dirceu (presidente nacional do PT) foi muito light, pegou muito leve com o pessoal do MST", avaliou Costa Neto. "Se caminharmos juntos, não vamos impor nada, mas podemos sugerir que o PT deixe mais claro que é totalmente contra essas invasões." Para o senador José de Alencar (PL-MG), cotado para ser o vice na chapa de Lula em uma eventual aliança, as invasões são inadmissíveis e só prejudicam Lula. "Não ajuda em nada a reforma agrária, que deve ser uma iniciativa do Estado, e muito menos ao PT e ao Lula. É uma coisa ilegal, e fora da lei não há salvação", afirmou Alencar, que está licenciado do Senado para se recuperar de uma cirurgia. "Pelo que ouvi do Lula, ele foi absolutamente contra, mas é claro que essa invasão prejudica sua candidatura, porque os outros partidos sempre podem vincular o PT à essas invasões." Da mesma forma, Costa Neto não vê responsabilidade do PT nas invasões, mas diz que essa avaliação é insuficiente. "Sabemos que o PT não tem envolvimento, mas a opinião pública acha que tem e isso pode atrapalhar muito o Lula", insistiu o parlamentar do PL. Embora inocente o PT no episódio, Valdemar deixa claro que os partidos têm visões muito diferentes sobre o problema. "O PT tem ligações com o MST, e nós do PL nunca teremos, porque somos contra a invasão de qualquer propriedade, seja qual for o pretexto", comparou o deputado. "Não temos afinidade em muitos programas, porque somos partidos diferentes." Nada disso, porém, segundo Costa Neto, impediria a aliança. "Temos dois pontos em comum, que são poucos, mas estratégicos: a crítica à política econômica do governo e a proteção da indústria nacional", explicou o deputado. "As outras questões, como esse problema do MST, não estarão na mesa de negociações." Ainda de acordo com o deputado, "se fôssemos olhar cada detalhe, nunca faríamos aliança com ninguém." Do mesmo modo, Alencar diz que é preciso apenas ter alguns pontos importantes em comum. Na sua opinião, o tripé básico é o que ele chama de "sentimento nacional, sensibilidade social e probidade com a coisa pública". Para Alencar, Lula preenche os três requisitos. "Esses terão de ser os grandes objetivos da aliança, e nisso os dois partidos estão de acordo." Os dois só discordam da possível participação do governo no episódio. "Isso parece coisa do cabo Anselmo", observou Costa Neto, lembrando o militar acusado de ter se infiltrado, a serviço da CIA, entre os marinheiros revoltosos no final do governo João Goulart, em 1964. "Alguém que organiza algo tão prejudicial ao PT só pode estar a serviço do governo." Alencar, entretanto, não concorda com essa desconfiança. "O presidente é um homem de bem e jamais faria uma coisa dessas." Com a mesma avaliação, o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), ironizou a comparação com o ex-militar. "Se existe um cabo Anselmo, não se sabe a serviço de quem ele está trabalhando", reagiu Freire. "Sou um comunista já muito velho para crer em tanta teoria conspiratória." Mais do que descartar a hipótese, o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), ressaltou que a invasão representa uma verdadeira agressão às instituições. "Se isso acontece até na casa do presidente, gera uma inquietação geral porque a população percebe que não existe autoridade", anotou Temer. Por isso mesmo, ele achou insuficiente a reação do PT. "O primeiro prejudicado é o Lula e ele deveria ter sido mais enérgico na condenação do fato."

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