PUBLICIDADE

Pizzolato diz que prefere morrer a voltar ao Brasil

Senador italiano relata conversa com ex-diretor condenado no mensalão e critica decisão do governo de extraditar brasileiro

PUBLICIDADE

Por JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

O ex-diretor do Banco do Brasil e condenado no julgamento do mensalão Henrique Pizzolato disse que preferiria morrer a ir para uma prisão brasileira, segundo relatou o senador italiano Carlo Giovanardi. O parlamentar esteve ontem com Pizzolato na prisão de Módena, onde ele aguarda a extradição.

O ex-diretor do Banco do Brasil,Henrique Pizzolato,fugiu do País após ser condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no julgamento do mensalão;Ele foi preso na Itália Foto: Alexandro Auler/Estadão

De acordo com a assessoria de Giovanardi, Pizzolato disse ao senador que "preferia morrer a descontar a pena por anos em uma penitenciária do Brasil". Em entrevista a TVs do país europeu, o parlamentar apenas repetiu o argumento de que a situação nos presídios brasileiros não seria adequada para o cumprimento de pena de um cidadão italiano - o ex-diretor tem dupla cidadania. A declaração de Giovanardi faz parte de uma ação política de setores do parlamento italiano para usar o caso Pizzolato para pressionar o governo em questões domésticas. Esse grupo já havia enviado carta ao governo pedindo que o brasileiro não fosse extraditado, enquanto grupos religiosos apelaram ao papa Francisco. Pizzolato fugiu do Brasil após ser condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no julgamento do mensalão. Ele foi preso na Itália e, depois de 18 meses de processo judicial, teve sua extradição autorizada pelo governo de Matteo Renzi na semana passada. Para que ele seja extraditado, o Brasil precisa aguardar o prazo limite para a defesa apresentar recurso contra a decisão. O encontro de ontem ocorreu na presença do advogado de Pizzolato, o italiano Alessandro Sivelli. O senador aproveitou para pedir que o governo reavalie sua decisão, alegando que as condições das prisões nacionais não são adequadas. "A medida coloca em risco a vida de Pizzolato, que se colocou à disposição de cumprir a pena na Itália, mesmo com o legítimo pedido de revisão do processo em que foi envolvido no Brasil", afirmou o senador. "Pizzolato obteve a negação da extradição da Corte de Apelação de Bolonha enquanto a Corte de Cassação jogou a decisão para o governo italiano que, incompreensivelmente, estabeleceu que Pizzolato, cidadão italiano, deve ser extraditado ao Brasil em 11 de maio", disse Giovanardi. O senador aproveitou para questionar a Justiça brasileira. "Os ministros condenados no Brasil já estão fora da prisão, enquanto os peixes pequenos tiveram condenações pesadas. São os mesmos governadores brasileiros que dizem que as condições de cárcere são inapropriadas." Garantias. Para assegurar que Pizzolato fosse extraditado, o Ministério Público brasileiro, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Polícia Federal enviaram garantias ao governo italiano de que o brasileiro ficaria no Complexo da Papuda, no mesmo local onde outros condenados no mensalão cumpriram pena. As garantias convenceram os italianos, que aprovaram a extradição. Para Sivelli, porém, Pizzolato "interessa só a poucos" e sua extradição constitui uma "violação dos direitos fundamentais". Ele não apresentou até ontem o recurso a que tem direito no Tribunal Administrativo de Roma para tentar frear o processo. Fontes no Ministério da Justiça da Itália afirmaram ao Estado que a defesa tem até sexta-feira para tentar evitar a extradição. Giovanardi, líder do partido Área Popular na Comissão de Justiça do Senado, já havia pedido que o governo italiano reavaliasse a decisão e que seria "incompreensível" que ele fosse enviado ao Brasil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.