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Pistoleiros atacam quilombo e destroem lavoura

Moradores acusam o grupo de estar a mando de fazendeiros da região

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 300 famílias de descendentes de escravos que habitam a comunidade de São Francisco do Paraguaçu, em Cachoeira, no recôncavo baiano, tiveram sua lavoura de aipim, feijão e mandioca destruída por grupos armados de revólveres e espingardas, no último domingo. Uma das moradoras do quilombo, Marineuza Santana, acusou o grupo de estar a mando de fazendeiros da região, que, segundo ela, planejam entrar na Justiça com pedido de reintegração de posse. Os quilombolas - como são chamados como os moradores desta região - dispõem de certidão de reconhecimento, marcação e titulação das terras onde seus antecessores, escravos, se reuniram para lutar pela abolição. Foi nesta região onde ocorreram as primeiras lutas armadas pela independência no início do século 19. Não é a primeira vez que o quilombo sofre ataques. No início deste ano, as plantações também foram arrasadas em um ataque denunciado à Polícia Federal, mas as investigações não resultaram na identificação do mentor das agressões. O quilombo de São Francisco fica numa área preservada da zona rural de Cachoeira, cujo acesso somente é possível por estrada de barro. A delegacia mais próxima fica na sede do município, e não há sequer rede de telefonia, o que torna quase impossível um socorro rápido, caso os ataques voltem a acontecer. Até agora, não houve vítimas, mas os quilombolas alegam que tiveram perdas materiais e receiam que os pistoleiros se tornem ainda mais violentos.

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