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Pimentel critica gestão tucana durante posse em Minas Gerais

Petista Fernando Pimentel assume o governo mineiro após 12 anos de comando do grupo político do senador Aécio Neves

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Por Marcelo Portela
Atualização:

Atualizado às 15h45

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, durante cerimônia de posse Foto: Gil Leonardi

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BELO HORIZONTE - O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), assumiu o cargo nesta quinta-feira, 1º, com discursos recheados de recados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao grupo político do tucano que governou o Estado nos últimos 12 anos. Já no discurso de posse na Assembleia Legislativa o petista adiantou que uma equipe ficará encarregada de fazer um levantamento geral da situação do Executivo, sem especificar o período que será analisado.

Em nenhum momento Pimentel, se referiu nominalmente a Aécio ou a seus aliados, mas, ao discursar na cerimônia de transmissão do cargo no Palácio da Liberdade, repetiu um dos motes de sua campanha eleitoral. "Minas Gerais não tem dono, não tem rei, não tem imperador", declarou, em referência clara ao senador, que se elegeu duas vezes para o governo em primeiro turno, fez seu sucessor, o também tucano e agora senador Antonio Anastasia, e no ano passado tentou emplacar no governo o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB).

 

 

Porém, o tucano, escolhido pessoalmente pelo senador para a disputa eleitoral, foi derrotado ainda no primeiro turno por Pimentel, que se tornou o primeiro petista a conquistar o Executivo estadual. "Engana-se quem imagina que pode subordinar a vontade dos mineiros. Soberano nessa terra é o povo que aqui habita. O governo não pertence aos governantes, efêmeros e passageiros, por mais poderosos que imagem ser. O governo é de todos. Sem privilégios, sem domínios, sem encastelamento. Não acredito que no mundo de hoje grupos encastelados possam decidir o destino de milhões de pessoas", afirmou o governador.

"O povo de Minas escolheu não uma pessoa, mas um ideal de um governo mais próximo das pessoas. De um governo do 'nós' e não do 'eu'", acrescentou.

Nos dois discursos que proferiu antes de seguir para Brasília para acompanhar a posse da amiga de adolescência e companheira de militância, a presidente Dilma Rousseff, Pimentel reafirmou compromisso de campanha de exercer o mandato com maior participação popular. Segundo ele, esse é o tipo de governo "contemporâneo", ao contrário do tipo de gestão que "se escora e se esconde atrás de castas, sejam elas tecnocráticas, sejam do poder econômico". "Nosso grande desafio é romper a forma de governar. Tirar o governo do isolamento de uma política analógica, antiquada, embolorada. Precisamos trazer o governo de Minas Gerais para o século XXI, tirá-lo do isolamento do atraso", disparou.

Balanço geral. Mas Pimentel também tentou minimizar o impacto político da mudança na gestão mineira. Ao anunciar a realização de um "balanço geral" por um grupo executivo, o governador declarou que a ação não terá objetivo de "olhar para trás" e será realizada anualmente. "Não se trata de uma mera auditoria de contas públicas. É algo muito maior e muito mais importante. É uma explicitação do ponto de onde estamos partindo em termos econômicos, sociais, de desenvolvimento humano e também das finanças. Mas nosso objetivo não é olhar para o passado, e sim definir o ponto de partida para o futuro", disse.

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Presidente do PT mineiro e agora secretário de Estado de Governo, o deputado federal Odair Cunha, também negou que a análise tenha objetivo de perseguir os integrantes das gestões anteriores, mas confirmou que haverá um "combate sistêmico a qualquer tipo de mal feito". "Não faremos caça às bruxas. Vamos tratar o dinheiro dos cidadãos de Minas Gerais com respeito. O que tiver que ser feito será", afirmou. Pimentel nomeou para a Controladoria-Geral do Estado Mário Spinelli, que ocupou cargo semelhante na gestão de Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo e foi responsável pela apuração, por exemplo, da máfia que agia na área fiscal do município.

Antes mesmo do início dos trabalhos do grupo executivo, porém, o governador já adiantou que 2015 será um ano "de ajustes" por causa da situação financeira do Estado, mas declarou estar "animado" com os desafios da gestão. "Sabemos que vai ser um ano de ajustes necessários para o Estado e para o País, mas um ano promissor também", salientou.

Cerimônia. Ao chegar para a cerimônia de transmissão do cargo ontem, Pimentel atravessou a alameda da Praça da Liberdade acompanhado por dezenas de pessoas, incluindo aliados, militantes e aqueles que participaram, por exemplo, dos programas exibidos na campanha eleitoral. Segundo a Polícia Militar, cerca de 4 mil pessoas, entre convidados e a população, acompanharam o evento.

Quando o governador chegou ao Palácio da Liberdade, foi possível ouvir gritos de "fora tucanada" e vaias para o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP). Aliado de primeira hora dos tucanos, o antecessor de Pimentel respondeu as vaias com um "viva a democracia" pouco antes de passar ao petista o Colar da Inconfidência, adereço equivalente, no Estado, à faixa presidencial no governo federal. Nesta sexta-feira, 2, Pimentel já fará sua primeira reunião com o secretariado nomeado nesta quinta.

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