PIB de 2009 é o pior em 17 anos e 5º negativo da série histórica

Economia recua pela 1ª vez desde 1992, mas pesquisador diz que situação agora é diferente.

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Por Fabrícia Peixoto
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Depois de 16 anos no azul, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não resistiu ao impacto da crise financeira global e terminou 2009 com um resultado negativo de 0,2%. A última vez que a economia encolheu foi em 1992, no governo Collor. Naquele ano, o recuo foi de 0,54%. De acordo com a série histórica do Banco Central, essa é a quinta vez em 47 anos que o PIB brasileiro fica negativo. Além de 2009, houve dois registros de queda na década de 80 (1981 e 1983) e outros dois na década de 90 (1990 e 1992). Apesar do resultado negativo no ano passado, o economista Carlos Eduardo Soares Gonçalves, professor da Universidade de São Paulo, faz ressalvas quando o assunto é a comparação da economia atual com a de décadas anteriores. A avaliação de Gonçalves é de que o Brasil, agora, "é outro" e está longe de ter os problemas estruturais que apresentava na década de 80. "O fato de não termos a inflação daquela época e estarmos com as contas sob controle já dá a dimensão da diferença", diz. "Além disso, tivemos um recuo muito pequeno em 2009, quando diversos outros países enfrentam uma situação muito mais delicada do que a brasileira", acrescenta o economista. Quedas anteriores O pior resultado do PIB foi registrado em 1990, quando a economia brasileira encolheu 4,35%. Segundo o professor Carlos Eduardo Soares Gonçalves, a retração da época foi consequência de um plano econômico "errado". "O Plano Collor causou a pior recessão que já vi. A indústria brasileira despencou e levou o PIB junto", diz. Já a retração de 4,25% registrada em 1981, a segunda pior no ranking, foi reflexo da crise do petróleo, segundo o professor da USP. Gonçalves lembra que o mundo sofria os efeitos da alta do produto, que começou em 1979 e culminou com um preço quatro vezes maior nos anos seguintes, afetando toda a economia mundial. "O resultado foi uma recessão no mundo inteiro, sobretudo nos países em desenvolvimento extremamente endividados, como o Brasil", diz o economista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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