PFL teme debandada no "day after" do Congresso

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Por Agencia Estado
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O PFL sai da sucessão no Congresso amargando o pior momento do partido desde a sua criação em 1984. A primeira avaliação do resultado eleitoral na Câmara e Senado levou a cúpula pefelista a concluir que o partido terá que enfrentar o "day after" da guerra da sucessão sem um único trunfo para evitar a debandada pela perda poder. A única definição é fruto do pragmatismo eleitoral, já de olho em 2002: a cúpula pefelista não quer ser regra três em uma eventual parceria entre o PMDB e o PSDB na sucessão presidencial. "O PFL criou a terceira via no Senado, mas jamais assumirá este papel em 2002, emprestando seu apoio ao candidato do governo em uma chapa com o PMDB na corrida presidencial", sentencia o secretário-executivo da direção nacional pefelista, Saulo Queiroz. Antes de pensar em sucessão, porém, o PFL terá que vencer a perplexidade interna, com o acúmulo de problemas. "É a primeira vez em toda nossa história que perdemos 100% da mídia, o apoio da opinião pública e ainda ficamos expostos à voracidade do PSDB e do PMDB nos Estados", queixou-se nesta quarta-feira o chefe do Gabinete Civil do governo do Paraná, Alceni Guerra, que participa da executiva nacional pefelista. O novo temor dos dirigentes é o de que a derrota humilhante do líder Inocêncio Oliveira (PE) para o tucano Aécio Neves (MG) na Câmara acabe aprofundando o racha interno. A avaliação predominante é a de que ela abre espaço para uma disputa pela liderança na Câmara, que poderá confrontar Inocêncio e o deputado José Carlos Aleluia (BA), do grupo liderado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (BA). "A vaga, por direito é do Inocêncio, mas, se ele não for o líder, aí eu defendo que seja o Aleluia", disse ACM nesta quarta-feira. Pesam no partido as divergências internas sobre qual deve ser a postura do PFL em relação ao governo. Não que esteja em jogo o conceito de ir para a oposição. Está claro que ninguém votará contra projetos que coincidem com o interesse do partido, como a reforma tributária, as regras para privatização do setor de saneamento e a nova Lei das Sociedades por Ações (lei das SAs), previstas na agenda política do governo para 2001. Mas há uma divisão por conta de um pequeno grupo mais rebelde, que prega o desembarque imediato do governo, e outro que quer ganhar tempo, contando com o calendário favorável que prevê o carnaval para logo depois da eleição. Cinco deputados de Goiás, Pernambuco, Paraíba, Espírito Santo e Paraná procuraram ACM nesta quarta-feira propondo um "gesto forte e ousado" do partido como resposta à derrota dupla. "Vamos entregar os cargos ao governo e anunciar nossa independência", sugeriu um dos deputados, que passou os últimos dias insistindo para que ACM forçasse o apoio à candidatura do bloco de oposição no Senado, para facilitar a vida do líder Inocêncio Oliveira (PFL-PE) na sucessão da Câmara. Mas ACM não topou. "Deixe que o presidente Fernando Henrique tome a iniciativa de demitir", respondeu o senador baiano. O Palácio do Planalto já deixou claro que, se for atacado, pelo menos um dos dois ministros de ACM (Rodolfo Tourinho, das Minas e Energia), será demitido. A idéia do governo é reservar esta cadeira ao grupo de Bornhausen, para que ele possa acomodar os rebeldes e evitar que ACM saia fortalecido, na posição de "franco atirador".

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