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PFL se reúne e ainda aposta em Sarney

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Por Agencia Estado
Atualização:

O PFL reúne hoje sua executiva nacional disposto a insistir na candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, para derrotar o presidente e líder do PMDB, Jader Barbalho (PA), no plenário. Embora Jader tenha saído candidato de consenso do PMDB, nem ACM nem os dirigentes nacionais do partido se dão por vencidos. "A candidatura Sarney não está morta", sentenciou ontem o segundo vice-presidente do PFL, senador José Agripino Maia (RN). Tanto ele quanto o primeiro vice-presidente, senador José Jorge (PE), estão convencidos de que bastará mostrar a Sarney que ele é o favorito no plenário para convencê-lo a sair candidato avulso a presidente do Senado. "Ele é candidatíssimo", insistiu José Jorge. Mas ACM acusou o golpe da reunião da bancada do PMDB, em que Jader obteve 23 dos 26 votos dos senadores, e criticou Sarney. "Acho que ele não usou a estratégia certa, mas teremos um candidato que não será o Jader", garantiu ACM. "A luta continua", completou. Nos bastidores, os pefelistas estavam inconformados com a paralisia de Sarney diante da mobilização de Jader na reunião da bancada. Eles esperavam, pelo menos, que Sarney operasse para esvaziar a reunião do PMDB. "Ele deveria ter ido à luta, mas Sarney é outro estilo", conformou-se José Agripino. O fundamental para o PFL é eleger seu líder Inocêncio Oliveira (PE) presidente da Câmara. "Mas o Inocêncio nos procurou ontem ultra animado e garantiu que ganha de Aécio Neves (PSDB-MG) no voto", contou Agripino. O líder reuniu-se com o presidente do partido, Jorge Bornhausen (SC), José Jorge e ACM e, para espanto geral, em vez de queixar-se das dificuldades imposta pelo veto a Jader, distribuiu elogios ao cacique baiano e exibiu uma contabilidade de votos bastante favorável na eleição. Inocêncio pedirá à executiva pefelista amanhã que o libere para negociar com os partidos de oposição, como bem entender, os cargos da Mesa Diretora da Câmara, sem considerar a tradição de distribuir os postos na proporção do tamanho de cada bancada. A intenção do líder é tentar conquistar o apoio do PT com a oferta da primeira vice-presidência da Casa, hoje nas mãos do PFL com o deputado Heráclito Fortes (PI). A executiva vai concordar, mas a ofensiva sobre o PT pode ser inútil. Apontado como um dos petistas simpatizantes da candidatura de Inocêncio, o deputado José Genoíno (SP) antecipa desde já que seu partido não aceita nada a mais nem a menos do que tem direito em função do tamanho de sua bancada (56 deputados). Sendo a quarta bancada (atrás do PSDB, PFL e PMDB), o PT fica com a quarta escolha e vai pedir a segunda vice-presidência. "Não queremos a primeira vice; queremos discutir com Inocêncio e Aécio os compromissos de reforma do Legislativo", diz Genoíno, ao salientar que o primeiro teste dos candidatos será hoje. "Devemos votar, nesta quarta-feira, a proposta que limita os poderes do presidente na edição de Medidas Provisórias e o PT estará atento para saber como os líderes candidatos orientarão suas bancadas", explicou. Olho por Olho Os dirigentes pefelistas que estavam irritados com ACM, pelos atrapalhos que causou à candidatura Inocêncio na Câmara, decidiram recolher as armas por conta das referências positivas que o próprio candidato reservou ao cacique baiano. "Não vamos criticá-lo agora porque não queremos ser mais realistas que o rei", comentou um deles. A cúpula do partido também não está preocupada com os prejuízos que as candidaturas avulsas de Inocêncio e Sarney podem causar à base governista. "Agora é olho por olho e dente por dente, e o presidente Fernando Henrique Cardoso que trate de administrar o estrago depois", resume um pefelista de expressão nacional. Nos bastidores, porém, eles atribuem o risco de ficar fora do comando da Câmara e do Senado a ACM e não crêem que o Planalto terá problemas para recompor sua base de apoio. "No fundo, o presidente vai se sair muito bem desta briga toda porque ele tem o trunfo de um governo em alta", avalia José Jorge. Pragmático, ele sabe que a popularidade do presidente está sempre vinculada aos indicadores econômicos e não tem dúvidas de que Fernando Henrique tirará proveito disso. O governo prevê um crescimento econômico de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), que deve puxar para cima a popularidade de FHC, mas em conversas com empresários, José Jorge tem ouvido que este crescimento pode chegar a 6%. "Aí vai ser uma festa: todo mundo com dinheiro no bolso, o FH lá em cima e a gente apoiando o governo", prevê José Jorge, destacando que suas previsões independem do resultado eleitoral no Congresso.

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