PUBLICIDADE

PFL não deve obstruir sessões desta 4ªF

Por Agencia Estado
Atualização:

O PFL não deverá mais obstruir as sessões de votação da Câmara. Com o recuo do partido, o governo deverá pôr nesta quarta-feira em votação a medida provisória (MP) que transfere para os consumidores os prejuízos das concessionárias de energia elétrica com o racionamento. A executiva nacional do PFL reúne-se também nesta quarta-feira de manhã para, provavelmente, liberar a bancada na Câmara a votar como quiser a medida provisória. Os pefelistas resolveram voltar atrás depois da decisão da Polícia Federal de não intimar a ex-governadora Roseana Sarney a depor sobre o R$ 1,3 milhão encontrado na empresa Lunus, de sua propriedade e de seu marido Jorge Murad. A ?boa vontade? da Polícia Federal fez parte de uma operação do governo, que começou cedo com a visita do secretário-geral da Presidência da República, Euclides Scalco, ao presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC). ?Foi um gesto político importante do governo porque demonstrou que não querem guerra e sim baixar a bola?, disse o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). No encontro com Bornhausen, Scalco tentou convencer o partido de que ?questões político eleitorais? não poderiam comprometer a governabilidade. Ao mesmo tempo, os líderes governistas resolveram baixar o tom e não radicalizar nem partir para o confronto com o PFL. Os aliados estavam cientes que o PFL poderia dar o troco votação da emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2004, caso insistissem em pôr ontem em votação a MP do setor elétrico. ?Se fizessem isso, seria criado um enorme constrangimento e como é que o governo aprovaria emendas à Constituição aqui sem o apoio do PFL??, indagou o líder Inocêncio Oliveira. Mas todo esforço do governo para pacificar o PFL e abrir o caminho para votação da MP do setor elétrico e de mais 20 medida provisórias, que trancam a pauta da Câmara e impedem a votação da CPMF, quase que foi por água abaixo. Em entrevista a uma rádio, o ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, disse nesta terça-feira pela manhã que a ex-governadora Rosena e seu marido admitiram ter participado de ?fatos ilícitos? ao terem buscado foro privilegiado. As declarações causaram um rebuliço no PFL e levaram o presidente do partido a divulgar nota, acusando Reale Júnior de estar ?absolutamente equivocado?. Bornhausen lembrou ainda que o novo ministro da Justiça é suplente do senador José Serra (SP), candidato do PSDB à Presidência da República. ?O foro do Tribunal é sempre mais experiente, o que dá mais equilíbrio às decisões. Ninguém está fugindo à Justiça e ao seu julgamento. O que desejamos é que ele seja isento, o que também é aconselhável ao novo ministro da Justiça, por coincidência suplente do senador José Serra?, diz a nota. O ministro Scalco também entrou rapidamente em campo para tentar acalmar os pefelistas. Primeiro, telefonou para Bornhausen para deixar claro que esta não era a opinião do governo. Depois, chamou Reale Júnior ao Palácio do Planalto para lhe ?dar um puxão de orelhas?. ?Não dá para o nosso time trabalhar contra nós?, reclamou Scalco, deixando o novo ministro da Justiça constrangido. Os líderes governistas também mobilizaram-se rapidamente para desqualificar as declarações de Reale Júnior. ?Não foi uma declaração adequada, principalmente em uma situação como esta?, observou o líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Na reunião de amanhã, a executiva nacional do PFL deverá liberar sua bancada na Câmara para votar a MP do setor elétrico porque o partido está dividido. Os dirigentes pefelistas já foram avisados de que as bancadas do Maranhão, comandadas por Roseana Sarney, e da Bahia, sob o domínio do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, votarão contra a medida provisória. A bancada do Rio de Janeiro também poderá votar contra. ?Não tem nenhuma chance do partido fechar questão e votar a favor da MP?, afirmou o ex-ministro Roberto Brant (PFL-MG), um dos pefelistas favoráveis à medida. O governo decidiu que irá pôr a MP em votação de qualquer jeito nesta quarta-feira à tarde, mas adotou um discurso de que o PFL é essencial para a governabilidade. ?Estaremos aqui para votar essa medida com a esperança de que poderemos contar com os votos do PFL?, disse o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA). ?O PFL sempre foi um aliado importante para a governabilidade?, completou o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB-MG).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.