O PFL conseguiu o que queria: o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Ramez Tebet (PMDB-MS), adiou para a próxima semana os depoimentos dos procuradores federais Guilherme Schelb e Eliana Torelly sobre a polêmica conversa entre representantes do Ministério Público e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). A pedido do corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), Tebet marcou a reunião do Conselho, que seria realizada nesta quarta-feira em caráter secreto, para a próxima terça-feira. Segundo o corregedor, a perícia da Universidade de Campinas (Unicamp) para analisar a possibilidade de violação do sistema de votação eletrônica do Senado será divulgada na sexta-feira. O Conselho de Ética está encarregado de apreciar o pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar contra ACM com base na transcrição da conversa, publicada pela revista IstoÉ, entre o pefelista, Eliana, Schelb e o procurador Luiz Francisco de Souza. De acordo com a IstoÉ, ACM disse, na gravação, ter uma lista dos votos dos senadores da sessão secreta que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Essa revelação deu margem a suspeitas de que ACM teria violado o sistema de votação para obter as informações. Num ofício enviado a Tebet, Tuma argumentou que a sessão secreta para ouvir os procuradores não poderia ser realizada antes do relatório da Unicamp ficar pronto. Ele contou que, durante um encontro na última segunda-feira com o professor da Unicamp Álvaro Crósta, ficou acertada para sexta-feira a conclusão da perícia. Entre os peemedebistas, a avaliação era de que o pedido do corregedor, que é do PFL, fez parte da estratégia dos pefelistas para adiar, a qualquer custo, a sessão. Dispostos a ganhar tempo, os pefelistas também já haviam acertado uma operação para derrubar a sessão marcada para esta quarta-feira. O partido estava buscando aliados, até mesmo na oposição, para que o requerimento de sessão secreta, que seria votado nesta quarta antes dos depoimentos, não fosse aprovado. Segundo Tebet, Schelb e Eliana estavam dispostos a falar sobre as revelações feitas por ACM. Na reunião realizada na semana passada, os dois procuradores não quiseram dar detalhes da conversa, alegando sigilo profissional.