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PF prende Garotinho, Rosinha e presidente do PR

Operação apura arrecadação ilícita para financiamento de campanha; defesa diz que Garotinho é vítima de perseguição por ter denunciado esquema na Alerj

Por Constança Rezende
Atualização:

RIO - Os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho (PR) e Rosinha Garotinho (PR) e mais sete pessoas foram presos na manhã desta quarta-feira, 22, apontados pelo Ministério Público Eleitoral como suspeitos de crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação de contas eleitorais. Um dos mandados de prisão é contra o o ex-ministro dos Transportes e presidente nacional do PR, Antônio Carlos Rodrigues. Até o momento, não foi confirmado se ele já foi encaminhado à PF.

Garotinho foi preso no início da manhã em seu apartamento na zona sul do Rio. Foto: Fabio Motta/Estadão

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A operação é embasada, principalmente, na delação do empresário André Luiz da Silva Rodrigues, da empresa Ocean Link Solutions Ltda. Ele relatou ao MPE que realizou um contrato simulado com a JBS para que o grupo da família Batista pudesse doar R$ 3 milhões para a campanha do ex-governador.

A Polícia Federal também cumpre dez mandados de busca e apreensão, que incluem operações nas casas dos acusados. Os mandados foram expedidos pela Justiça Eleitoral do município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, reduto eleitoral do casal. Participam da operação 50 policiais federais nos munícipios do Rio, Campos e São Paulo. 

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Anthony e Rosinha Garotinho em campanha no município de Campos dos Goytacazes. Foto: Wilton Junior/Estadão

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Outros empresários também informaram à PF que o ex-governador cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos fossem honrados pelo poder público daquele município. Um ex-secretário municipal também foi preso. “Após os procedimentos de praxe, os presos serão encaminhados ao sistema prisional do Estado, onde permanecerão à disposição da Justiça”, disse a PF, por meio de nota.

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A investigação é um desdobramento da “Operação Chequinho”, que apura fraude com fins eleitorais no programa Cheque Cidadão por Garotinho. Ele já havia sido preso duas vezes, desde 2016, por acusações de corrupção. A assessoria do ex-governador informou que Garotinho foi preso no Rio, onde tem apartamento no bairro do Flamengo, na zona sul. Já Rosinha teria sido presa em Campos e levada para a sede da PF no município.

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Em nota, a assessoria disse que “querem calar o Garotinho mais uma vez” e que o ex-governador atribui a operação “a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo" por ter denunciado um esquema envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e irregularidades supostamente praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter. Garotinho se diz inocente, assim como os demais acusados na operação desta quarta-feira, e ainda diz que é ameaçado pelo presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani, que ontem voltou à cadeia de Benfica.

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Leia a nota na íntegra:

Querem calar o Garotinho mais uma vez. O ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.

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O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da República.

Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum e, conforme disse ontem no seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho.

Agora, a ordem de prisão do juiz Glaucenir é para que Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente onde estão os presos da Lava Jato. Cabe frisar que essa a operação à qual Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.