PF prende 32 acusados de fraude na Funasa em Roraima

Quadrilha teria desviado R$ 34 milhões da fundação em esquema de emendas parlamentares e licitações

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 25, 32 pessoas envolvidas numa quadrilha que teria desviado R$ 34 milhões da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em Roraima, mediante fraude em licitações. Entre os presos estão o coordenador-geral da Funasa no Estado, Ramiro Teixeira e Silva, apontado como cabeça da quadrilha e o empresário Hissan Hussein, dono de uma empresa de táxi aéreo do Paraná. Outros três envolvidos no esquema, um deles foragido no exterior, estão sendo procurados. As investigações, que começaram há um ano e meio, revelaram que a maior parte do dinheiro desviado tinha origem em emendas coletivas da bancada de Roraima, assinadas pelos três senadores e oito deputados do Estado. Por isso, conforme a PF, as investigações chegarão inevitavelmente ao Congresso Nacional numa segunda etapa. Ramiro, indicado para o cargo pelo senador Romero Jucá (PMDB), líder do governo no Senado, seria o articulador do esquema, com o auxílio de vários funcionários da Funasa. Entre os presos, 16 são servidores do órgão. As suspeitas surgiram de duas fontes, uma delas, um levantamento da Controladoria Geral da União, segundo o qual Roraima recebia o dobro das verbas do Estado do Amazonas, que é um território dez vezes maior e tem muito mais índios. A outra decorre de uma investigação de tráfico de drogas envolvendo o empresário paranaense. A polícia descobriu que prestava muitos serviços para o governo de Roraima. O dinheiro era desviado de licitações sobretudo na área de saneamento. As principais vítimas do desvio são os índios de Roraima, principalmente os da etnia Yanomami, que não recebiam as benfeitorias prometidas nas emendas parlamentares. Cerca de 250 policiais participaram da operação, que leva o nome de Metástase (uma alusão ao câncer). A investigação revelou que as fraudes ocorriam também nas licitações de serviços de transporte em táxi aéreo, contratação de obras de engenharia e aquisição de medicamentos. Os mandados foram expedidos pelo Juiz da 1ª Vara da Justiça Federal de Roraima. O delegado Alexandre Ramage comandou a operação. Texto atualizado às 21h26

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