PUBLICIDADE

PF pode obter lista de pagamentos de propina da Planam

São planilhas que trazem as informações organizadas em cinco campos

Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia Federal está prestes a colocar as mãos em um documento decisivo para a investigação do envolvimento de um terço da Câmara dos Deputados no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento. Em troca do acordo de delação premiada, a ex-assessora do ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, presa durante a Operação Sanguessuga, está disposta a entregar à Polícia Federal e ao Ministério Público o disco rígido de um dos computadores da Planam, empresa líder do esquema, pertencente a Darci Vedoin, que também está preso em Cuiabá. O disco está em poder de um ex-funcionário na empresa ligado a Penha e seu conteúdo, conforme informações repassadas pela ex-assessora às autoridades que acompanham o inquérito, é fulminante. Trata-se do arquivo de controle dos pagamentos de propinas aos parlamentares envolvidos no esquema. São planilhas que trazem as informações organizadas em cinco campos: o nome da prefeitura à qual a emenda é direcionada; o nome do deputado padrinho da emenda; a que tipo de compra a emenda se destina (se para compra de veículos ou de equipamentos); o valor da emenda e finalmente, um campo destinado à "c. part.". Seria a coluna referente à cota de participação do parlamentar na emenda, ou seja à propina. Conforme Penha relatou às autoridades, o HD conteria centenas de registros. Se o conteúdo do HD for autêntico, a situação dos parlamentares acusados de participação nas fraudes se complicará, já que o material poderá ser enquadrado como prova e não como indício de envolvimento em corrupção. Além de Penha, uma outra funcionária pública presa na operação poderá passar a colaborar para as investigações do esquema. Trata-se de Nívea Martins de Oliveira, que estava lotada no gabinete da deputada licenciada Elaine Costa (PTB-RJ). Penha afirmou em seu depoimento que Elaine está envolvida "até o pescoço" no esquema e que sua assessora Nívea ligava freqüentemente "cobrando valores da Planam". Embora seus advogados neguem, as autoridades que acompanham o caso receberam uma sinalização de que a ex-assessora teria interesse em negociar um tratamento mais ameno da Justiça em troca de sua colaboração nas investigações. Nívea pode dificultar a vida de sua ex-chefe e de outros deputados próximos a ela que também se utilizavam do esquema.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.