PF pode fazer nova paralisação de 24 horas na terça

Manifestação pode ser antecipada após comentários do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de que desconhece qualquer acordo entre policiais e o governo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Policiais federais podem fazer na terça-feira, 3, mais uma paralisação de 24 horas. É o que diz a carta enviada pelo presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Sandro Torres Avelar, ao ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. No texto, Avelar expressa surpresa ao saber que o ministro desconhece o acordo firmado pelo governo com os policiais federais. O delegado afirma que as declarações do ministro Paulo Bernardo à imprensa causaram grande instabilidade e acirraram os ânimos dos policiais federais. "Isso prejudicou o calendário sugerido pelas entidades classistas de âmbito nacional com a previsão de novo ato público somente no dia 18 de abril, fazendo com que diversos Estados da Federação, por suas lideranças locais, entendessem por repudiá-las já, antecipando as manifestações para a próxima terça-feira, dia 3", escreve o presidente da ADPF. Balanço Nas 24 horas da greve de advertência realizada na semana passada pelos servidores da PF, 38 mil inquéritos em todo o País deixaram de ser movimentados - e pelo menos 300 deixaram de ser instaurados -, cerca de 2 mil audiências foram suspensas e quase 4 mil passaportes deixaram de ser emitidos. O balanço é da Federação dos Delegados da Polícia Federal. O governo federal considerou ´precipitada´ a paralisação, que atingiu 24 Estados e o Distrito Federal. Segundo o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Vinício Wink, dos cerca de 12 mil policiais, entre 8 mil e 9 mil pararam em protesto ao que ele chamou de ´calote do governo´. Os policiais não receberam a segunda parcela do aumento de 60%, acordado em 2006. Negociações Na rodada de negociações, o ministro do Planejamento não deu nenhuma garantia de que vai conceder o reajuste de 30% e ameaçou a categoria com a lei de greve, caso haja radicalização. "É preciso que haja um diálogo, uma negociação." Contudo, Paulo Bernardo ponderou que o movimento não é abusivo. "É para pressionar o governo, o que é absolutamente normal", disse Bernardo, que voltou a defender a regulamentação do direito de greve dos servidores. Para Wink, a reunião com Bernardo foi um fiasco. "Me admira um homem que ajudou a consolidar o partido que está no poder fazendo greves vir agora nos reprimir por um movimento legítimo", disse. A próxima rodada está marcada para 10 de abril. O novo ministro da Justiça, Tarso Genro, foi lacônico ao comentar a paralisação da corporação sob seu comando. "O movimento foi respeitoso e espero que as negociações cheguem a bom termo." Com exceção de Santa Catarina e Alagoas, que não aderiram à greve, as Superintendências da PF nos Estados só mantiveram os serviços essenciais. Em São Paulo, a temida operação-padrão nos aeroportos foi suspensa e todo o efetivo da PF trabalhou normalmente. O comando da greve na capital alegou que a "gentileza" do ministro Tarso evitou a paralisação em Cumbica e Congonhas. "Foi um gesto de homenagem ao ministro, que gentilmente foi nos procurar segunda-feira", disse o presidente do Sindicato dos Delegados Federais de São Paulo, José Amaury Portugal.

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