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PF ouvirá nesta terça piloto envolvido no caso dossiê

O objetivo é saber quem contratou o vôo que levaria de São Paulo para Cuiabá, em 15 de setembro passado, o dinheiro da compra do dossiê contra tucanos

Por Agencia Estado
Atualização:

O piloto Tito Lívio Ferreira Júnior e o dono da empresa de táxi aéreo MS, Arlindo Dias Barbosa, vão depor nesta terça-feira, na Polícia Federal, em Campo Grande (MS). O objetivo é saber quem contratou o vôo que levaria de São Paulo para Cuiabá, em 15 de setembro passado, o dinheiro da compra do dossiê contra tucanos. O vôo foi abortado porque o dinheiro foi apreendido pela PF na manhã daquele dia, em poder dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no hotel Íbis, de São Paulo, quando eles se preparavam para o embarque. Em depoimento, o empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, disse que o dinheiro do pagamento do dossiê lhe seria trazido num vôo fretado, a fim de evitar os riscos do transporte num avião de carreira. Rastreamento telefônico feito pela PF nos aparelhos usados por petistas envolvidos na compra do dossiê constatou várias ligações de Valdebran nos dias anteriores à prisão. Constatou também três ligações do piloto Tito Lívio no dia 13 de setembro e uma no dia 14. A PF desconfia que era para ultimar os detalhes do embarque do dinheiro R$ 1,75 milhão - apreendido com os petistas. No depoimento, Vedoin disse que a sua fatia era de apenas R$ 1 milhão. A PF quer saber também para onde iria o restante, qual era o grau real de envolvimento da empresa de táxi aéreo no esquema e quanto custaria o frete. A esperança do delegado é obter alguma pista das peças que faltam para fechar o quebra-cabeças da origem do dinheiro. Parte do dinheiro era em dólares R$ 248,8 mil e já se sabe que vieram de quatro casas de câmbio, principalmente da Vicatur, de Nova Iguaçu (Rio), que se utilizou de uma família de laranjas para realizar a operação. São também investigadas a Confidence, a Diskline e a Centaurus. A grande dificuldade é identificar a origem dos reais R$ 1,16 milhão. As investigações já revelaram que o dinheiro foi levado para os petistas no hotel Íbis pelo ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercandante (PT) ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda. Ele foi flagrado pelas câmaras do circuito interno chegando ao hotel com a mala do dinheiro, no dia 14 de setembro. Na próxima quinta-feira, a PF ouve novamente o empresário Luiz Antônio Vedoin para esclarecer as últimas dúvidas a respeito do esquema de pagamento de propina a parlamentares na compra de ambulâncias superfaturadas com dinheiro do orçamento da União e também sobre o balcão de negócios que o empresário teria montado para vender dossiês envolvendo políticos na máfia. A seguir, a PF deve começar a definir os artigos em que serão indiciados os envolvidos no escândalo do dossiê. Dos oito investigados, passíveis de indiciamento, sete são ligados à candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um deles, porém, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), só será indiciado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) por ter direito a foro privilegiado.

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