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PF notifica Jader

Por Agencia Estado
Atualização:

O delegado Luiz Fernando Ayres Machado, da Polícia Federal (PF), que apura as denúncias de desvio de títudos da Dívida Agrária (TDAs), notificou nesta segunda-feira o presidente do Congresso, senador Jader Barbalho (PMDB-PA), para que ele preste depoimento. Por ter foro privilegiado, Jader poderá escolher dia, hora e local para ser interrogado. Machado deve chegar até o fim da semana a Belém, onde ouvirá outro supostamente envolvido no caso. O senador também é citado no caso do desvio de R$ 10 milhões do Banco do Estado do Pará (Banpará), ocorrido na época em que era governador. Um relatório do Banco Central (BC), feito em 1988 e concluído em 1991 pelo inspetor Abrahão Patruni Júnior, constatou que parte do desvio foi coberto (e acobertado) com reservas da instituição. Os valores ainda não são conhecidos por causa das mudanças cambiais. O documento revela ainda que foram feitas operações sucessivas que causaram prejuízo ao BC, que teve de injetar mais dinheiro no Banpará, quando realizou a intervenção, em 1988. O uso das reservas bancárias do BC pelos bancos é uma operação legal e funciona como uma espécie de empréstimo a curto prazo, sem correções. Quando os saques são maiores que os saldos as instituições recorrem a esse mecanismo, cujo montante é definido de acordo com o patrimônio de cada banco. Caso semelhante ocorreu com os Bancos Econômico e Nacional, que acabaram quebrando. Mas, no caso do Banpará, os recursos do BC foram usados para justificar a falta de caixa causada pelos desvios. Por causa das mudanças da moeda desde 1988, os investigadores ainda não calcularam o montante do rombo causado pelo Banpará ao BC. Dois técnicos do BC, que chegaram nesta segunda-feira ao Pará, prestarão assessoria à comissão de promotores nomeada para apurar os desvios e solucionar a questão. O conselheiro do Departamento de Combate aos Ilícitos Financeiros do BC Antônio Benito de Souza e o inspetor Nelson Rodrigues de Oliveira farão um rastreamento de todas as operações até chegar às contas no Banco Itaú, no Rio, onde foram feitos os depósitos. A partir daí o Ministério Público (MP) do Estado poderá pedir a quebra de sigilo dos correntistas. O desvio de recursos do Banpará é investigado pelos MPs do Pará e Federal (MPF), depois da descoberta do uso do fundo bancário do BC nas fraudes. O auditor Carlos Alberto de Oliveira, que trabalha para a Procuradoria-Geral da República, está detalhando os dois relatórios de Patruni Júnior, identificando outras operações envolvendo dinheiro da União. Numa primeira avaliação dos procuradores, em Brasília, ficou constatado o envolvimento de servidores públicos e outras instituições federais, mas os investigadores guardam sigilo até que a análise seja complementada. "Há agentes públicos relacionados a este caso", afirma um procurador, ressaltando que o próximo caminho a ser seguido, a partir da constatação, será a abertura de processos, fato que poderá atingir o presidente do Senado. No fim de semana e nesta segunda, Jader usou a TV RBA e o Diário do Pará - os dois meios de comunicação dele no Estado - para se defender das acusações sobre fraudes na extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), a venda de TDAs, irregularidades no ranário da mulher dele, Márcia Cristina Centeno, e os desvios de dinheiro do Banpará. No jornal, ele publicou uma nota desafiando os acusadores a provarem as denúncias. Na emissora, Jader participou por mais de duas horas de um programa de entrevistas.

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