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PF libera Quércia após depoimento de dez minutos

Por Agencia Estado
Atualização:

O depoimento do ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP), hoje, no inquérito que apura contribuição irregular feita pela empresa Transbraçal na campanha eleitoral de 1998, durou cerca de dez minutos. Quércia não será indiciado. Segundo a assessoria de imprensa da Delegacia de Ordem Política e Social (Delops) da Polícia Federal, o delegado que preside o inquérito "entende que não há irregularidade", já que a doação está declarada na prestação de contas feita à Justiça Eleitoral. "Realmente houve essa contribuição, mas nós fizemos a declaração dela na prestação de contas enviada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Está tudo correto", disse Quércia. O documento entregue à PF, segundo o advogado de Quércia, Mauro Arjona, aponta a doação de R$ 30 mil, sem especificar. "A prestação de contas ao TRE deve ser em valor, não em espécie", disse Arjona. A assessoria da PF, informou que o dinheiro é relativo ao empréstimo de 150 carros, usados na campanha eleitoral de 98. Segundo o ex-governador Quércia, não há consenso sobre se é irregular ou não esse tipo de doação. "Existe uma dúvida se a empresa prestadora de serviço poderia doar. A gente vê todo dia notícia que a OAS, a CBPO, contribuíram para a campanha do Fernando Henrique Cardoso e até hoje não vi nenhuma denúncia contra o presidente", disse Quércia. Pré-candidato do PMDB ao governo paulista, em 2002, Quércia não avalia que a intimação para depor na PF seja uma "perseguição política". "Não. Outros também serão chamados. A PF está agindo de forma certa. Acho que tem que investigar mesmo", disse Quércia. "Ninguém pode ter medo. É por isso que eu digo, tem que investigar o presidente Fernando Henrique também", completou. "Por enquanto o delegado não vê elementos para indiciar o ex-governador Quércia", disse o assessor da PF, Gilberto Tadeu Vieira Cezar. O próximo passo, segundo Cezar, será a requisição de documentos, na Justiça Eleitoral e de doadores de campanha. Também será avaliada a questão da empresa prestadora de serviços públicos fazer contribuições para campanhas eleitorais, considerado ato irregular pelo artigo 377 do Código Eleitoral. "A partir daí, será definido quem mais deve ser ouvido posteriormente. O governador Quércia pode ser chamado de novo para prestar declarações e até ser indiciado", disse Cezar. O ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), que também está sendo investigado no mesmo inquérito - doação irregular da Transbraçal -, instaurado pela Promotoria da Justiça Eleitoral, foi indiciado na semana passada. Maluf não declarou a contribuição e alega não tê-la recebido.

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