A Polícia Federal já investigava irregularidades em convênios assinados pelo Ministério do Esporte antes de tomar conhecimento das denúncias de pagamento de propina feitas pelo policial militar João Dias. O nome do ministro Orlando Silva - apontado como beneficiário do suposto esquema de corrupção - será incluído nas apurações. A instituição ainda avalia se é necessário abrir um novo inquérito ou se pode atualizar procedimentos já existentes.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai determinar que a PF apure a denúncia de que Orlando Silva teria recebido propina de ONGs dentro da garagem do Ministério do Esporte, segundo relato de João Dias à revista Veja. Cardozo garantiu que as investigações serão rigorosas e lembrou que Silva está disposto a colaborar para o esclarecimento do caso, uma vez que se dispôs a abrir seus sigilos telefônico e bancário.
"Foi uma iniciativa importante, que mostra que o ministro efetivamente quer que se faça uma investigação", avaliou Cardozo. "A Polícia Federal será rigorosa, criteriosa e, havendo indício de crime, seja onde eventualmente existir, agirá com o rigor da lei."
O pedido de investigação será enviado pelo Ministério da Justiça ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra. A instituição vai verificar se as novas denúncias já são alvo de inquéritos.
"Esses novos fatos ensejarão a abertura de um novo inquérito - na medida em que envolvem uma outra autoridade, com foro privilegiado - ou se nós teremos que aproveitar os inquéritos em curso para providenciar uma apuração imediata daquilo que foi agora colocado", disse Cardozo, que participou nesta segunda-feira, 17, pela manhã da abertura de um seminário organizado pelo jornal "O Globo".
O policial João Dias, ex-militante do PC do B, descreveu um esquema de pagamento de propinas no valor de 20% dos convênios assinados entre ONGs e o Ministério do Esporte. Segundo ele, o desvio existe desde a gestão de Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal, quando Orlando Silva respondia pela secretária executiva do ministério. Silva rebateu as críticas, descritas por ele como um "jogo político".