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PF inicia perícia mesmo sem todos os documentos de Renan

Os últimos papéis que ajudam senador a comprovar renda foram obtidos em Alagoas e serão entregues amanhã

Por Vannildo Mendes
Atualização:

O Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal começou nesta segunda-feira, 23, a perícia nos documentos de defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que responde a processo de quebra de decoro, sob a acusação de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior. Veja também: Cronologia do caso Renan O laudo, que deve estar pronto em 20 dias, será decisivo para o futuro de Renan, que pode perder o mandato e ficar inelegível por oito anos se não conseguir comprovar a origem dos recursos da pensão que pagava à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento. Os últimos documentos chegaram nesta segunda a Brasília, mas só parte deles, juntados pelo próprio Renan, foi entregue à PF. O restante, colhido pelo Conselho de Ética do Senado em Alagoas, ainda está sendo conferido e só deve ser entregue nesta terça. Mesmo assim o trabalho começou. Uma equipe de oito peritos avaliará a origem da evolução patrimonial do senador e fará a análise contábil de seus negócios agropecuários, além da perícia documentoscópica dos papéis que ele entregou para comprovar transações com gado. A análise patrimonial abrangerá o período de 2003 e 2007, no qual Renan alega ter faturado R$ 1,9 milhão em negócios bovinos e praticamente dobrado sua fortuna. As declarações de renda dos últimos quatro anos de Renan foram juntadas aos demais documentos a serem periciados - notas fiscais de venda de gado (com canhotos), recibos de pagamento, atestado de vacina do rebanho, livro-caixa das propriedades e guias de trânsito animal (GTAs). Embora o processo venha se arrastando há mais de um mês, com sucessivas manobras protelatórias, o senador alega ser inocente e diz que é o principal interessado na rápida realização da perícia. O laudo não tem finalidade criminal, por se tratar de um pedido do Poder Legislativo como parte de um processo político. Mas caso encontre indício de crime, o Senado poderá encaminhar os autos ao Ministério Público para abertura de ação penal. Numa primeira perícia, concluída em 19 de junho, a PF encontrou mais de 20 inconsistências na documentação de defesa do senador, entre as quais incompatibilidade na cronologia entre as datas das operações com os cheques de pagamento e os recibos. Notou também que vários recibos eram frios. O Senado, então, encomendou uma perícia completa.

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