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PF indicia Zoghbi por formação de quadrilha

Ex-diretor de Recursos Humanos do Senado é acusado de beneficiar empresa que tem babá como sócia

Por Leandro Colon
Atualização:

A Polícia Federal indiciou ontem João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos do Senado, por formação de quadrilha, concussão e inserção de dados falsos em sistema público de informação. Zoghbi é acusado de favorecer a Contact Assessoria de Crédito dentro do Senado. Uma babá que trabalhou para ele aparece como sócia da empresa, que intermediou a realização de empréstimos consignados para funcionários da Casa. O ex-diretor foi indiciado após prestar depoimento ontem pela manhã. Ele negou a interferência para ajudar a Contact e também disse que jamais inseriu dados falsos no sistema de crédito consignado do Senado. A PF utiliza como elemento contra o ex-diretor uma investigação interna da Casa que mostra como funcionou a fraude na folha de pagamento. Zoghbi, segundo a apuração, inseria informações falsas para permitir que os servidores contraíssem empréstimos acima do limite estabelecido de 30% do salário. A sindicância enviada à Polícia Federal afirma ainda que informações confidenciais dos servidores, sob a responsabilidade de Zoghbi, foram repassadas a terceiros. Esses dados caíram na mão de corretores - inclusive da Contact -, que vendiam empréstimos dentro do Senado. Até hoje dados dos servidores circulam fora da Casa. Em depoimento à comissão de sindicância, Zoghbi foi mais incisivo do que no relato dado ontem à PF. Ele admitiu que fraudou pelo menos 10% dos pedidos de crédito, alegando que estava atendendo a apelos dos funcionários com "problemas (financeiros) mais graves". Ele também barrava as auditorias no sistema informatizado da folha de pagamento. VALORES A Contact recebeu, ao menos, R$ 2,2 milhões do Banco Cruzeiro do Sul pelos serviços prestados no Senado. A PF e o Ministério Público aguardam ainda a resposta da Justiça ao pedido de quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-diretor. Zoghbi comandou a Secretaria de Recursos Humanos por mais de dez anos. No entanto, deixou o cargo em março, após a revelação de que emprestou aos filhos um apartamento funcional do Senado.

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