PF indicia Ney Suassuna na máfia das ambulâncias

Além do senador, foi indiciada a deputada Celcita Pinhairo, do PFL. Apesar de absolvidos na CPI dos Sanguessugas, os dois devem responder a processo na Justiça

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal indiciou nesta sexta-feira o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT) pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Eles são acusados de participação na máfia das ambulâncias. Apesar de absolvidos pela CPI dos Sanguessugas, eles devem responder o processo na Justiça comum, caso o Ministério Público Federal (MPF) faça a denúncia, pois não se reelegeram em outubro e, portanto, ficaram sem foro privilegiado. O foro privilegiado permite que políticos, no exercício de suas funções, sejam julgados e investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, quando terminam seus mandatos, os processos voltam para a Justiça comum. O objetivo é que os parlamentares não fiquem sujeitos a políticas locais. Porém, na prática, acaba servindo de refúgio para políticos e administradores públicos que buscam a impunidade. Também já foram indiciados Amauri Gasques (PL-SP), Almeida de Jesus (PL-CE), Edna Macedo (PTB-SP), João Correia (PMDB-AC), Jonival Lucas Junior (PTB-BA), Júnior Betão (PL-AC), Nilton Capixaba (PTB-RO) , Paulo Feijó (PSDB-RJ), Cesar Bandeira (PFL-MA), João Grandão (PT-MS), Reginaldo Germano (PP-BA), Neuton Lima (PT-SP), Tetê Bezerra (PMDB-MT) e Vanderlei Assis (PP-SP). Contudo, a PF não especificou os crimes atribuídos a cada um, mas informou que a tipificação dos investigados nos 76 inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido praticamente a mesma. A expectativa é que alguns inquéritos sejam concluídos em fevereiro e outros em março, prazo final. Dos parlamentares de Mato Grosso, são investigados os reeleitos Pedro Henry (PP), Welinton Fagundes (PR), Ricarte de Freitas (PTB) e Lino Rossi (PP). Os dois últimos estão sem mandato. Apesar da possibilidade de os parlamentares que perderam o mandato responderem a processo na Justiça comum, a decisão final cabe ao STF. No total, entre congressistas e chefes de poderes executivos municipais, são 118 inquéritos. Entenda os sanguessugas A Polícia Federal descobriu, em maio do ano passado, esquema de fraude em licitações para compra de ambulâncias com verba do Ministério da Saúde. O esquema era comandado pela empresa Planam, de Mato Grosso, da família Vedoin (Luiz Antonio e seu pai, Darci), e envolvia parlamentares e funcionários do Ministério da Saúde. O grupo fazia contato com as prefeituras do País para oferecer entrega de ambulâncias com maior rapidez sem ter de passar pelos trâmites normais. Se o prefeito concordasse, a quadrilha negociava com assessores de parlamentares a apresentação de emendas individuais ao Orçamento da União para liberar o dinheiro. Assim que fossem liberados os recursos, o grupo manipulava a licitação e fraudava a concorrência usando empresas de fachada. Dessa maneira, os preços da licitação eram superfaturados, chegando a ser até 120% superiores aos valores de mercado. E o ´lucro´ era dividido entre os envolvidos no esquema, inclusive parlamentares. Segundo a Polícia Federal, a organização negociou o fornecimento de mais de mil ambulâncias em todo o País. E a investigação do Ministério Público levantou prejuízos em torno de R$ 110 milhões aos cofres públicos. Assim, foram denunciados ex-deputados federais, um ex-senador e assessores parlamentares, além de outros servidores públicos. Uma CPI foi aberta para apurar o caso e encontrou indícios contra 69 deputados e três senadores. Dois dos deputados acusados renunciaram. Dos 67 restantes, apenas cinco conseguiram se reeleger. Os três senadores - Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) - foram absolvidos pelo Conselho de Ética. E a maioria dos deputados sanguessugas não deverá sequer ser julgada. Passados seis meses, a CPI do caso deve fechar seus trabalhos com a aprovação de um relatório inconclusivo, que será apresentado nesta quinta-feira. Este texto foi amplicado às 21h02

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