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PF indicia mais seis deputados na máfia das ambulâncias

Lino Rossi, um dos principais contatos do esquema, foi o único desse grupo que teve sua cassação recomendada pela CPI e aprovada pelo Conselho de Ética

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal indiciou nesta terça-feira mais seis deputados sanguessugas por envolvimento no esquema de compra de ambulâncias superfaturadas com dinheiro de emendas orçamentárias. Dos seis, quatro são de São Paulo: Gilberto Nascimento (PMDB), João Batista (PP), Marcos Abramo (PP) e Ildeu Araujo (PP). Também foram indiciados os deputados Lino Rossi (PP-MT), apontado como um dos principais contatos dos empresários que chefiavam o esquema na Câmara, e o deputado Enivaldo Ribeiro (PP-PB). Do grupo, Lino Rossi foi o único que teve sua cassação recomendada pela CPI e aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. Gilberto Nascimento chegou a ser inocentando pela CPI dos Sanguessugas, mas não passou no crivo da PF. João Batista, Marcos Abramo e Enivaldo Ribeiro tiveram seus processos arquivados sem exame no Conselho de Ética. Com esta nova leva, sobe para 22 o número de parlamentares indiciados por envolvimento com a máfia das ambulâncias. Cinco deles foram absolvidos no Congresso. Todos foram enquadrados nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nenhum deles se reelegeu e, por isso, devem perder o direito ao foro privilegiado. O foro privilegiado permite que políticos, no exercício de suas funções, sejam julgados e investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, quando terminam seus mandatos, os processos voltam para a Justiça comum. O objetivo é que os parlamentares não fiquem sujeitos a políticas locais. Porém, na prática, acaba servindo de refúgio para políticos e administradores públicos que buscam a impunidade. Caberá ao Ministério Público (MP) avaliar os elementos reunidos pela PF nos inquéritos e decidir se vale ou não apresentação de denúncias contra os indiciados. Na última sexta-feira, a PF indiciou nos mesmos crimes o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que recebeu apenas uma advertência do Conselho de Ética do Senado, e a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT), absolvida no Conselho de Ética da Câmara. Entenda os sanguessugas A Polícia Federal descobriu, em maio do ano passado, esquema de fraude em licitações para compra de ambulâncias com verba do Ministério da Saúde. O esquema era comandado pela empresa Planam, de Mato Grosso, da família Vedoin (Luiz Antonio e seu pai, Darci), e envolvia parlamentares e funcionários do Ministério da Saúde. O grupo fazia contato com as prefeituras do País para oferecer entrega de ambulâncias com maior rapidez sem ter de passar pelos trâmites normais. Se o prefeito concordasse, a quadrilha negociava com assessores de parlamentares a apresentação de emendas individuais ao Orçamento da União para liberar o dinheiro. Assim que fossem liberados os recursos, o grupo manipulava a licitação e fraudava a concorrência usando empresas de fachada. Dessa maneira, os preços da licitação eram superfaturados, chegando a ser até 120% superiores aos valores de mercado. E o ´lucro´ era dividido entre os envolvidos no esquema, inclusive parlamentares. Segundo a Polícia Federal, a organização negociou o fornecimento de mais de mil ambulâncias em todo o País. E a investigação do Ministério Público levantou prejuízos em torno de R$ 110 milhões aos cofres públicos. Assim, foram denunciados ex-deputados federais, um ex-senador e assessores parlamentares, além de outros servidores públicos. Uma CPI foi aberta para apurar o caso e encontrou indícios contra 69 deputados e três senadores. Dois dos deputados acusados renunciaram. Dos 67 restantes, apenas cinco conseguiram se reeleger. Os três senadores - Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) - foram absolvidos pelo Conselho de Ética. E a maioria dos deputados sanguessugas não deverá sequer ser julgada. Passados seis meses, a CPI do caso deve fechar seus trabalhos com a aprovação de um relatório inconclusivo, que será apresentado nesta quinta-feira.

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