PF indicia ex-deputado por envolvimento nos sanguessugas

Benedito Dias (PP-AP) foi indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

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Por Agencia Estado
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A Polícia Federal indiciou nesta segunda-feira o ex-deputado Benedito Dias (PP-AP) por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, no inquérito que investiga a máfia dos sanguessugas. Agora já somam 32 os indiciados por envolvimento no esquema de compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do orçamento da União, mediante pagamento de propina a parlamentares. Ao todo, foram abertos no ano passado 84 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e outros 31 contra prefeituras envolvidas no esquema. Os 32 indiciados - 30 deputados e o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) - não se reelegeram nas eleições de 2006 e seus processos devem baixar para a Justiça de primeiro grau, uma vez que perderam o foro privilegiado, instrumento jurídico que dá direito aos políticos de serem julgados e investigados pelo STF. Dias teve seu nome incluído na lista dos suspeitos de participação no esquema pela CPI dos Sanguessugas. Junto com outros 69 parlamentares, seu nome foi remetido ao Conselho de Ética da Câmara, ao qual cabe examinar casos de perda de mandato por quebra de decoro. Mas, por falta de tempo, seu caso foi arquivado sem exame. Ele foi acusado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe do braço empresarial do esquema, de ter recebido R$ 50 mil em "comissões" utilizando um assessor como intermediário. Segundo o depoimento de Vedoin, o deputado também teria recebido dinheiro por intermédio de uma empresa da qual teria sido sócio oculto, junto com Vedoin. Até o momento, a PF indiciou nos mesmos tipos de crimes três ex-parlamentares inocentados pela CPI. São eles: Tetê Bezerra (PMDB-MT), Dr. Heleno (PSC-RJ) e Jefferson Campos (PTB-SP). Todos os demais estavam no rol daqueles cujas apurações da CPI revelaram claros indícios de envolvimento com o esquema. A PF também encontrou elementos para indiciar os ex-deputados João Correia (PMDB-AC) e Celcita Pinheiro (PFL-MT), que conseguiram ser absolvidos no julgamento do Conselho de Ética da Câmara no final do ano passado. Correia chegou a fazer uma greve de fome de 24 horas no plenário. Entenda os sanguessugas A Polícia Federal descobriu, em maio do ano passado (2006), esquema de fraude em licitações para compra de ambulâncias com verba do Ministério da Saúde. O esquema era comandado pela empresa Planam, de Mato Grosso, da família Vedoin (Luiz Antonio e seu pai, Darci), e envolvia parlamentares e funcionários do Ministério da Saúde. O grupo fazia contato com as prefeituras do País para oferecer entrega de ambulâncias com maior rapidez sem ter de passar pelos trâmites normais. Se o prefeito concordasse, a quadrilha negociava com assessores de parlamentares a apresentação de emendas individuais ao Orçamento da União para liberar o dinheiro. Assim que fossem liberados os recursos, o grupo manipulava a licitação e fraudava a concorrência usando empresas de fachada. Dessa maneira, os preços da licitação eram superfaturados, chegando a ser até 120% superiores aos valores de mercado. E o ´lucro´ era dividido entre os envolvidos no esquema, inclusive parlamentares. Segundo a Polícia Federal, a organização negociou o fornecimento de mais de mil ambulâncias em todo o País. E a investigação do Ministério Público levantou prejuízos em torno de R$ 110 milhões aos cofres públicos. Assim, foram denunciados ex-deputados federais, um ex-senador e assessores parlamentares, além de outros servidores públicos. Uma CPI foi aberta para apurar o caso e encontrou indícios contra 69 deputados e três senadores. Dois dos deputados acusados renunciaram. Dos 67 restantes, apenas cinco conseguiram se reeleger. Os três senadores - Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) - foram absolvidos pelo Conselho de Ética.

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