PF faz operação contra compra de votos em Alagoas

Dois vereadores eleitos em Maceió são suspeitos de aliciar eleitores em troca de valores entre R$ 30 e R$ 50

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Por Ricardo Rodrigues e MACEIÓ
Atualização:

A Polícia Federal de Alagoas deflagrou ontem a Operação Voto de Cabresto, que teve por objetivo o cumprimento simultâneo de dez mandados de busca e apreensão nas residências de cabos eleitorais e de dois vereadores eleitos por Maceió: Nery Almeida (PP) e Dino Júnior (PC do B). Os dois vereadores eleitos são acusados de compra de votos e aliciamento de eleitores nas eleições deste ano. Eles negam as acusações, mas a Polícia Federal já indiciou Almeida e deverá fazer o mesmo com o representante do PC do B. Segundo a assessoria de imprensa da PF, os mandados de busca e apreensão foram executados por cerca de cem policiais federais de Alagoas e outros Estados. As buscas foram realizadas em residências, apartamentos e em um estabelecimento comercial nos bairros Feitosa, Jacintinho, Cruz das Almas e Jatuca. Durante as buscas, os agentes da PF apreenderam um revólver calibre 38 em poder de um cabo eleitoral de Nery Almeida, que é primo do prefeito eleito de Maceió, Cícero Almeida (PP). Foram apreendidos vários "santinhos" do então candidato e um notebook que seria do vereador eleito, conforme informou a PF. Os agentes federais apreenderam ainda várias listas com nomes de cabos eleitorais e eleitores, com valores que cada um receberia por suposta venda de votos. De acordo com o delegado Delano Cerqueira, que comandou a operação, os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Eleitoral com o objetivo de buscar novos elementos de prova da corrupção eleitoral supostamente praticada pelos dois políticos. BANDEIRAS Segundo as investigações da Polícia Federal, os eleitores foram aliciados por cabos eleitorais mediante o oferecimento de valores que variam de R$ 30 a R$ 50. O dinheiro, além de pagar por votos, serviria para permitir o uso das casas dos eleitores para a fixação de bandeiras e adesivos dos candidatos. Caso sejam condenados, os dois vereadores poderão sofrer uma pena de até quatro anos de reclusão, pagamento de multa e perda do mandato eletivo. De acordo com a assessoria da PF, nas buscas foram encontrados cadastros de eleitores, anotações e outros documentos que compravam a ocorrência do crime de compra de votos. "Um dos investigados (Nery Almeida) já foi indiciado pelo crime previsto no artigo 299 do Código Eleitoral. Foi apreendida ainda uma arma de fogo que será periciada. Por fim, um dos cabos eleitorais prestou esclarecimentos e confessou a sua participação no esquema de compra de votos", afirmou o delegado Delano Cerqueira, em nota distribuída à imprensa.

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