PF enfrenta problemas de logística em RR

Policiais adiam entrada na reserva indígena; Lula cria grupo de trabalho para monitorar riscos

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Por Roldão Arruda e Lisandra Paraguassu
Atualização:

A Polícia Federal adiou para hoje o envio de seus homens à terra indígena Raposa Serra do Sol. A chegada deles à região estava anunciada para ontem, mas, no decorrer do dia, o delegado encarregado da operação, Fernando Segóvia, mudou os planos. Ele não deu explicação oficial sobre a mudança, mas sabe-se que a PF enfrenta problemas logísticos em Boa Vista, onde hospeda quase 500 homens. Mais informações Na semana passada, o governador José de Anchieta Júnior (PSDB) ameaçou apreender as picapes dos federais que estavam circulando há duas semanas pelas ruas e rodovias de Roraima sem placas. Na quinta e na sexta-feira houve operação de emergência para emplacar as 48 picapes que a PF comprou para a execução da operação de retirada de produtores rurais da reserva. Até ontem, porém, persistiam problemas para a liberação dos carros. A operação de retirada dos produtores rurais foi suspensa temporariamente na quarta-feira por determinação do Supremo Tribunal Federal, que ainda analisa processos relativos à criação da reserva. Na quinta, o delegado Segóvia anunciou que a PF enviaria seus homens para o interior da Serra do Sol, na segunda-feira, para evitar conflitos e garantir a segurança da área até a decisão final do STF - que pode ocorrer em 60 dias. O delegado ressalvou que enviaria ainda ontem um grupo da Força da Segurança Nacional para o Distrito do Surumu - onde fica o principal foco de tensão entre os produtores rurais, contrários à criação da reserva, e a comunidade indígena. Até as 21h, porém, nenhum policial havia chegado ao distrito. Na sede regional do Conselho Indigenista de Roraima, 80 índios mantinham-se reunidos. Hoje, data do 3º aniversário da criação da terra indígena, os índios devem aprovar um documento com críticas ao STF. O decreto que criou a reserva foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 15 de abril de 2005. A demarcação da área, com 1,7 milhão de hectares, havia sido feita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998. Ontem à noite, o arrozeiro Paulo Cesar Quartiero, líder do movimento de resistência à criação da reserva, voltou a assumir o cargo de prefeito de Pacaraima - município na fronteira com a Venezuela que teve quase toda sua área engolfada pela reserva. Ele foi cassado em março do ano passado, acusado de corrupção eleitoral, mas recorreu e obteve autorização do Tribunal Superior Eleitoral para retornar. Ele disse ontem ao Estado que vai transferir provisoriamente a sede administrativa do município para o distrito de Surumu. "Vou decretar estado de emergência naquela área e dedicar todos os meus esforços para permitir o escoamento da safra de arroz", afirmou. GRUPO DE TRABALHO O governo federal vai criar grupo de trabalho para monitorar a situação na reserva até que saia o parecer do STF. A decisão foi tomada ontem, durante a reunião de coordenação política.

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