PUBLICIDADE

PF discute nova greve para a próxima quarta-feira

Fracasso nas negociações com o governo sobre reajuste salarial de 30% pode levar a uma paralisação mais radical do que a registrada nesta quarta-feira

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Devido ao fracasso das negociações, os servidores da Polícia Federal discutem uma nova greve para a próxima quarta-feira, desta vez mais radical, inclusive com operação-tartaruga em todos os aeroportos e postos de fronteira. O governo federal considerou precipitada a greve de advertência e resolveu endurecer a negociação com os grevistas. A paralisação durou 24 horas e atingiu parcialmente as atividades da instituição, sobretudo emissão de passaportes, em 24 Estados, além do Distrito Federal. Na rodada de negociações realizada nesta quarta-feira, 28, com os líderes do movimento, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não deu qualquer garantia de que vai conceder o aumento de 30%, combinado no acordo salarial de 2006, e ainda ameaçou a categoria com a lei de greve, caso haja radicalização. "Para falar bem a verdade, eu acho um pouco precipitado (o movimento), porque normalmente é preciso que haja um diálogo, uma negociação", afirmou o ministro. Bernardo evitou comentar a possibilidade de o governo atender à reivindicação dos policiais. O ministro voltou a defender a regulamentação do direito de greve do servidor público, proposta que tem apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que causou polêmica no setor sindical, porque se destina a restringir esse direito em setores essenciais do serviço público. Nova paralisação Em resposta, A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) está mobilizando os sindicatos da categoria em todos os Estados para uma nova paralisação, mais radical na próxima quarta-feira. "Fizemos um movimento sereno num voto de confiança ao novo ministro da Justiça (Tarso Genro, a quem a PF é subordinada), mas estão brincando conosco", disse o presidente da entidade, Marcos Vinício Wink. Para ele, a reunião com Bernardo foi um fiasco. "Me admira um homem que ajudou a consolidar o partido que está no poder fazendo greves, vir agora nos reprimir por um movimento legítimo", criticou. O ministro e os líderes do movimento marcaram uma nova rodada de negociação para o dia 10 de abril. "Ele rasgou o acordo salarial assinado com o ex-ministro Thomaz Bastos e não faz qualquer contraproposta", reclamou. Greve nos Estados Apesar da frustração no diálogo com o governo, os líderes sindicais consideraram a paralisação um sucesso. "Estamos muito coesos, alcançamos 100% do que havíamos planejado", disse Wink. Em atenção a Genro, os policiais recuaram à última hora na operação-tartaruga, que tumultuaria ainda mais a situação já caótica dos aeroportos. Só Alagoas e Santa Catarina ficaram de fora da greve. Em São Paulo, onde se encontra seu maior efetivo, a PF só realizou serviços de emergência, como retirada de passaportes para viagens urgentes e prisões em flagrante. No Maranhão, os policiais distribuíram alimentos não perecíveis a uma comunidade próxima à sede da Superintendência da PF em São Luís. No Rio, os policiais também só realizaram serviços essenciais e urgentes. Houve problemas com pessoas que tentaram tirar passaporte. Em Salvador, 200 dos 280 policiais federais cruzaram os braços. Alguns deles vestiram seus uniformes pelo avesso, como protesto. Mas a procura por serviços paralisados foi pequena e não houve confusão. Na Recife, os grevistas jogaram dominó e xadrez, com carro de som ligado em frente à PF. A data da paralisação coincidiu com o 44º aniversário de criação da PF. Além do aumento de 30%, pendente desde a assinatura do acordo salarial de 2006, a categoria reivindica a implantação da sua Lei Orgânica, com a qual espera reduzir a diferença de remuneração com os servidores dos outros órgãos do sistema criminal da União. Atualmente, os salários de um delegado variam de R$ 9 mil (inicial) a R$ 16 mil, em fim de carreira. Eles reclamam que procuradores e juízes, com os quais já foram equiparados, começam com R$ 14 mil e podem chegar a R$ 22 mil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.