A Polícia Federal decidiu estender as investigações em torno das denúncias contra o lobista Alexandre Paes dos Santos, e abrirá mais dois inquéritos para apurar seu envolvimento com Hugo Braga, ex-assessor do Ministro da Fazenda, Pedro Malan, e a secretária da Casa Civil, Ana Cristina Improise. Os dois foram afastados do cargo há 15 dias. Braga teve um motorista pago pelo lobista enquanto exercia a função no Ministério da Fazenda. Ana Cristina desempenhava dupla jornada de trabalho, no Palácio do Planalto e na empresa de APS, como Alexandre era conhecido. Juntamente com os novos inquéritos, que devem ser instaurados até o final da semana, estão correndo as investigações sobre supostas tentativas de extorsão no Ministério da Saúde, envolvendo o nome de Alexandre Santos. No caso de Braga e Ana Cristina, a Policia Federal quer esclarecer quais eram as influências exercidas pelos dois funcionários do governo em seus setores de trabalho. A secretária era ligada diretamente à secretaria-executiva da Casa Civil, enquanto que Braga foi assessor parlamentar do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Fontes da PF não descartam a possibilidade de se abrir novos inquéritos caso apareçam outros nomes ligados ao governo federal, durante o período de investigações. Até agora, os indícios apontam apenas para Ana Cristina e Hugo Braga. Os quatro funcionários do Ministério da Saúde, citados nas denúncias relacionadas à medicamentos, estão investigados no inquérito principal. Segundo a PF, foi o ministro José Serra que pediu a apuração do caso, há um mês. Depois de ter negada a quebra de sigilo bancário de APS, a PF pretende mudar os rumos das investigações, centralizando a apuração na agenda apreendida no escritório do lobista. Nela, existem nomes de parlamentares, funcionários públicos, empresários e jornalistas. Alguns deles têm o nome acompanhado de números, que podem representar cifras, e a letra "K", que pode identificar o algarismo zero. "Não temos nenhuma certeza disso, por enquanto", ressalta o delegado Adalton de Almeida Martins, que se recusa a comentar o andamento das investigações. Outros documentos foram apreendidos no escritório do lobista e serão analisados na próxima semana por técnicos da Polícia Federal. Para investigadores ligados ao caso, a simples citação não pode ser considerado como envolvimento direto das pessoas. A relação com os nomes dos deputados foi enviada para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que deve decidir sobre o rumo das apurações. Há alguns dias, líderes da oposição entraram com requerimento pedindo que todos os parlamentares citados na agenda de Alexandre Santos fossem ouvidos na Corregedoria da Casa.