PF descobre prospecção ilegal de urânio na Amazônia

Por Agencia Estado
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Durante uma operação para destruir pistas de pouso clandestinas na fronteira do Brasil com a Guiana e o Suriname, a Polícia Federal descobriu que estrangeiros, possivelmente canadenses, entraram ilegalmente no País para fazer pesquisas sobre a existência de urânio e nióbio na região. O fato foi revelado durante o interrogatório de 26 garimpeiros que extraem ouro ilegamente nas proximidades da Serra do Acari, limite entre os três países. Segundo a Polícia Federal, pelo menos uma das oito pistas que estava sendo utilizada pelo narcotráfico foi aberta pelos pesquisadores. No primeiro dia da operação Guisu - junção das siglas Guiana e Suriname - os garimpeiros confirmaram a informação de que estrangeiros entraram em território brasileiro de helicóptero e colheram amostras de solo para identificar a presença de urânio e nióbio. "Nós encontramos diversas embalagens para armazenar estes dois tipos de metal, além de anotações sobre a área a ser pesquisada", conta o coordenador da operação, delegado Mauro Spósito. Um garimpeiro contou que estrangeiros contrataram-nos para abrir picadas no meio da floresta, mas não estavam interessados em ouro. "Os gringos falavam para os garimpeiros que eles podiam garimpar à vontade, pois eles não queriam aquilo, e sim, coisas mais valiosas", afirmou o garimpeiro, cujo nome é mantido em segredo pela PF. "Vamos abrir inquérito para saber como foi a entrada dos estrangeiros. Temos informação de que uma empresa brasileira estaria por trás disso", informou Spósito. Segundo o delegado, a exploração ilegal de ouro e as pesquisas que foram realizadas nesta área causaram um dos maiores danos ambientais já conhecidos na Amazônia. O prejuízo ecológico ficou constatado por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) durante a operação. "Não temos a dimensão deste desastre, mas é muito maior do que pensávamos", diz o delegado. O escritório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no Pará informou que apenas uma empresa brasileira tinha autorização para pesquisas de nióbio, ouro e outros metais na região, mas não havia nada registrado sobre urânio. Segundo a chefe do escritório do DNPM em Boa Vista, Cléa Maria de Almeida Dore, é possivel a presença dos dois minérios na região da Serra do Acari. "Existe realmente a potencialidade da existência do urânio e nióbio, mas não há estudos confirmando isso", diz Cléa.

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