PF apura vínculo entre ex-diretor da Petrobrás e contratada da Copa

Papéis apreendidos em casa de Paulo Roberto Costa referem-se à Value Partners, que recebeu R$ 15,6 mi do Ministério do Esporte

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Por Fabio Fabrini e Fausto Macedo
Atualização:
Costa deixou prisão em Curitiba no dia 19 de maio Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo - 19.05.2014

A Polícia Federal suspeita que o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa tenha vínculo com empresa que prestou consultoria ao Ministério do Esporte no planejamento da Copa de 2014. Na casa do ex-diretor, a PF apreendeu papéis referentes a contratos da Value Partners do Brasil, que recebeu R$ 15,6 milhões entre 2010 e 2013 para apoiar o gerenciamento e a realização do Mundial. A Value Partners integrou o Consórcio Copa 2014, contratado pelo governo em 2009 para assessorá-lo em tarefas como a elaboração da matriz de responsabilidades (plano de obras de infraestrutura prioritárias nas cidades-sede) e a análise dos projetos de lei relacionados à competição. A contratação inicial, de dois anos, foi renovada por mais dois. Ao todo, as empresas receberam ao menos R$ 29,4 milhões, segundo a PF. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades nos pagamentos. 

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Os documentos apreendidos estavam gravados em computador encontrado na residência de Costa, no Rio, durante buscas da Operação Lava Jato, que apura esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. O ex-diretor foi preso pela PF em março e solto no mês passado, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Ele é réu em processo por suposto desvio de recursos da Petrobrás, entre 2009 e 2014, de contratos superfaturados de obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

No material apreendido pela PF, constam planilhas de preços do Esporte que serviram de referência para a licitação; cartas e ofícios das integrantes do consórcio a autoridades da pasta; recibos de transações financeiras entre as sócias; além de papéis referentes a contratos, distratos e alterações societárias das prestadoras do serviço de consultoria.

A Value Partners do Brasil é braço de empresa homônima, sediada na Europa, oficialmente controlada pelo italiano Alberto Antoniolli. Segundo documentos em poder da PF, a empresa é a antiga Spectrum Strategy, que prestou serviços a entidades esportivas internacionais, entre elas a própria Fifa. Nos papéis localizados pela PF, há citações a negócios da Value com a União das Federações Europeias de Futebol (Uefa).

‘Abrir portas’. O relatório das apreensões, obtido pelo Estado, menciona dois boletos de pagamento a uma empresa do ramo imobiliário, nos quais consta como “sacado” o gerente executivo da Value Partners do Brasil, Rogério Carvalho dos Santos.

À reportagem, ele disse que sua empresa procurou Costa em busca de parceria com a consultoria do ex-diretor, a Costa Global, após ele deixar a Petrobrás, em 2012. Segundo Carvalho, esse tipo de associação é praxe com pessoas que, no mercado, “são abridores de porta”. A sociedade, porém, não foi adiante, segundo ele.

A PF também encontrou na casa de Costa documentos de negócios da Value Partners com a Petrobrás Distribuidora. Os papéis incluem planilha de preços de licitação para uma consultoria, além de dois contratos da empresa com a subsidiária da estatal. Um deles, de R$ 200 mil, para “avaliação econômico-financeira de uma distribuidora de produtos químicos”; o outro, de R$ 495 mil, para serviços na área de “eficiência energética”. 

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O relatório da PF, de 15 de maio, não é conclusivo sobre as apreensões e aponta a necessidade de mais investigações. “O ‘busílis da questão’ é o fato de esses documentos estarem gravados no equipamento encontrado em um imóvel vinculado a Paulo Roberto (Costa)”, diz o texto.

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