PF apreendeu áudios de interceptação com ex-funcionário do Opportunity

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Por Fausto Macedo
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A Polícia Federal apreendeu 21 áudios de interceptação telefônica em poder de Rodrigo Behring Andrade, ex-funcionário do Opportunity. A informação consta do relatório final da Operação Satiagraha, à página 290, onde começa o capítulo intitulado Tentativa de manipulação de procedimentos judiciais. "Além da corrupção, outro modus operandi da organização criminosa, nas hipóteses em que não consegue cooptar as autoridades policiais e judiciárias para agirem de acordo com seus interesses, é realizar a produção de documentos que podem ser usados para atingir a honra e a imagem do agente público", diz o relatório, subscrito pelo delegado Ricardo Saadi. Os áudios, "bem como degravações correspondentes", revelam diálogos de pessoas que "à época das ligações eram contrárias aos interesses do Opportunity, nas disputas societárias em que o mesmo estava envolvido". As gravações são relativas ao período entre 2000 e 2003. "A denúncia do Ministério Público imputa a Rodrigo papel de figura secundária em um único crime, de gestão fraudulenta. O relatório me parece fantasioso", reagiu o criminalista Alberto Zacharias Toron, advogado de Behring. O relatório diz que a organização, "liderada por Dantas, fez uso de uma série de outras ferramentas, dentre as quais a corrupção de agentes públicos, a utilização de lobistas e doleiros, a elaboração de dossiês contra seus inimigos e a tentativa de manipulação da Justiça". O relatório cita a apreensão de uma lista na residência de Dantas, em Ipanema, Rio. "Procedimento de tentativa de cooptação e suborno de autoridades encarregadas pela persecução criminal é também visto em outro documento o qual faz menção a diversos nomes, dentre os quais os de policiais, membro do Ministério Público, políticos e outros. O que existe é um documento que demonstra a intenção de que houvesse tentativa de corrupção, principalmente quando lemos a expressão ?corromper a polícia?." Na página 267, um destaque: "Chama a atenção nos documentos a expressão ?contribuição para que um dos companheiros não fosse indiciado?, cujo valor R$ 900 mil seria feito em cash." O relatório faz menção a uma anotação que teria sido encontrada em "uma escrivaninha de trabalho no escritório particular de Dantas". Diz a anotação: "Campanha de Fernando à Presidência, R$ 3 milhões. Forma: cash." "Cash não é expressão usualmente empregada por Dantas", afirmou seu advogado, Andrei Schmidt. "Dantas não reconhece como dele tal anotação. Ele recebia muitas informações de que autoridades vinham sendo corrompidas em benefício dos adversários do Opportunity na disputa societária pela tomada do controle da Brasil Telecom. As informações vinham principalmente da disputa judicial nos Estados Unidos. Os relatos eram por ele anotados para verificação. As anotações representam possíveis registros de corrupção que não era praticada pelo Opportunity, mas talvez por seus adversários."

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