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PF apreende panfletos anti-Dilma em gráfica

Cerca de 1,1 milhão de impressos teriam sido encomendados pelo bispo de Guarulhos, um dos maiores críticos da candidata no meio católico

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Por Moacir Assunção , Tatiana Favaro e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) apreendeu neste domingo, 17, cerca de 1,1 milhão de panfletos anti-Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, que estavam impressos e prontos para distribuição na Pana Gráfica e Editora, no Cambuci, região Sul de São Paulo. Localizados ontem por militantes do PT paulista, o material trazia o logotipo da Regional Sul 1, que corresponde ao Estado de São Paulo, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

 

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Distribuído na missa do dia 12 de outubro em Aparecida (SP), o material, intitulado "Apelo a todos os brasileiros e brasileiras", pregava o voto somente em candidatos e partidos contrários à descriminalização do aborto e fazia críticas à candidata e ao seu partido. O material teria sido encomendado por um assessor do bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini.

 

De madrugada, cerca de 50 militantes e parlamentares do PT fizeram vigília na porta da gráfica para impedir a distribuição do material, que foi encontrado no sábado. Por volta das 6 horas, os agentes da PF entraram no prédio, após um chaveiro abrir a porta. Representantes da empresa e um oficial de Justiça acompanharam os federais, que precisaram de dois caminhões para retirar todo o material, levado depois ao pátio da Superintendência da PF na Lapa, zona oeste. A ação da PF, que durou até por volta das 14 horas, obedeceu a uma representação da PT ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), classificando de "crime eleitoral" a impressão e distribuição dos panfletos.

 

"Recebemos informações de que foram recolhidas 13 toneladas de material, além dos panfletos. O caso é bem mais grave do que parece à primeira vista", disse o deputado estadual Adriano Diogo (PT). De acordo com ele, uma investigação feita pelo partido teria constatado que a gráfica pertenceria a Arlety Kobayashi, funcionária da Assembleia Legislativa e irmã de Paulo Kobayashi, ex-deputado federal tucano e fundador do partido.

 

Recuo. Em Campinas, o Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), grupo representante das dioceses do estado de São Paulo, reconheceu ter errado em posicionar-se politicamente contra o PT e a candidata Dilma Rousseff na nota.

 

"O erro foi a apresentação de sigla partidária. Isso não poderia ter acontecido. Você pode fazer uma nota, mas a partir do momento que você cita nome, cita partido, realmente você fere as pessoas. Com humildade, as pessoas reconheceram e vamos adiante, é preciso olhar para a frente", afirmou o bispo de Limeira, d. Vilson Dias de Oliveira, responsável pela Pastoral da Comunicação do Regional Sul 1.

 

Após a ressonância do conteúdo da nota propagada à revelia dos bispos pela internet, pelas paróquias, comunidades, igrejas e as ruas não somente do Estado de São Paulo, os bispos do Regional Sul 1 da CNBB divulgaram neste domingo nota oficial para esclarecer que "não indicam nem vetam candidatos ou partidos e que respeitam a decisão livre e autônoma de cada eleitor".

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A nota da CNBB diz que a entidade "desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos". O bispo de Guarulhos não foi encontrado.

 

Material idêntico ao apreendido foi distribuído na missa do dia 12 de outubro em Aparecida (SP) e em Contagem (MG). Teve um impacto tão grande que levou a candidata a se pronunciar e procurar associar sua imagem a temas cristãos.

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