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PF abre inquérito para apurar ação da PM do Maranhão

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal decidiu abrir inquérito para apurar a atuação da Polícia Militar do Maranhão que, na última quarta-feira, tentou realizar operação de busca e apreensão numa casa do serviço de inteligência da PF, em São Luís. A abertura de inquérito foi determinada nesta segunda-feira pelo procurador-chefe em exercício do Ministério Público Federal no Estado, Alexandre Meireles. Tanto a PF, quanto o Ministério Público e a Justiça Federal, consideraram estranha o ato da PM, chegando até mesmo a divulgarem uma nota conjunta de protesto. A decisão é inédita na história da Polícia Federal e rara em se tratando de órgãos de segurança pública. Além disso, é mais um ingrediente do episódio envolvendo a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL) e o PSDB, criado após a realização de uma busca na empresa Lunus Serviços e Participações, de Roseana e do marido Jorge Murad, onde foram apreendidos documentos e R$ 1,34 milhão. Apesar de o presidente do partido tucano, deputado José Aníbal (SP) acreditar que ela não sabia da ação da força estadual, políticos admitem que pode ter havido uma retaliação. O inquérito vai apurar se a PM maranhense tinha conhecimento prévio de que o imóvel, localizado num bairro residencial de classe média de São Luís, abrigava escritório do serviço de inteligência da Polícia Federal. Alegando ter recebido denúncias anônimas sobre supostas atividades criminosas no local, a Polícia Militar pediu, e obteve da Justiça estadual, um mandado de busca e apreensão para entrar no interior do imóvel. O Ministério Público, a PF e a Justiça Federal no Maranhão, no entanto, não acreditam na versão divulgada pela PM. Até vizinhos da residência sabiam que o imóvel era alugado ao governo federal, de modo que uma simples investigação prévia poderia ter esclarecido o caso. Os órgãos federais questionam por que a PM não acionou a Polícia Civil, encarregada de ações desse tipo. Com o mandado de busca e apreensão em mãos, a PM enviou cerca de 30 homens da tropa de choque para escoltar os oficiais de Justiça. Atiradores de elite encapuzados e fortemente armados cercaram a casa. O trânsito foi interrompido, mas a missão acabou abortada, quando os oficiais de Justiça depararam-se com policiais federais. Se no inquérito, que será oficializado nos próximos dias, ficar provado que a PM sabia tratar-se de um escritório do serviço de inteligência da PF, os responsáveis serão processados criminalmente. Segundo o Ministério da Justiça, a ação da PM prejudicou operações que utilizavam escuta telefônica ? que estava sendo feita com autorização da Justiça ?, como o combate ao narcotráfico e até o assassinato de meninos no Estado. O escritório já havia auxiliado investigações conjuntas da PF com a gerência de Segurança do Maranhão. O gerente ? cargo equivalente ao de secretário ?, Raimundo Cutrin, é delegado federal licenciado e mantém contato estreito com a superintendência da corporação no Estado. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), não fala sobre o episódio, que considera encerrado. Ela e seu partido acusam o governo federal e a PF de manterem escutas telefônicas clandestinas em seus aparelhos.

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