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Petrobrás cancela contrato com empresa suspeita de ligação com ex-diretor

Decisão de suspender negócio de R$ 443 milhões ocorre após PF apontar elo da Ecoglobal com Paulo Roberto Costa e doleiro Alberto Youssef, ambos investigados por lavagem de dinheiro

Por Fabio Fabrini e Fabio Brandt
Atualização:
Paulo Roberto Costa em sessão da CPI da Petrobrás Foto: Dida Sampaio/Estadão

Brasília - A Petrobrás rescindiu contrato de R$ 443,8 milhões com a Ecoglobal Ambiental e a Ecoglobal Overseas, após a Polícia Federal levantar a suspeita de ligação com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos presos pela Polícia Federal. Em comunicado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, a companhia dá por cancelado, desde a última quinta-feira, o vínculo com as duas empresas.

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No documento, obtido pelo Estado, a Petrobrás justifica que a Ecoglobal feriu a "boa-fé objetiva" e seu código de ética ao faltar "com os deveres de clareza, transparência e colaboração no que tange à sua composição societária". Além disso, alega que elas não terão meios de concluir o objeto do contrato, o que acarreta "transtornos operacionais" e, em consequência, "potenciais prejuízos financeiros".

O contrato foi firmado no ano passado, para serviços como tratamento e descarte de água oleosa. Conforme denúncia do Ministério Público Federal à Justiça, meses após a assinatura as empresas passaram às mãos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás e do doleiro, o que evidencia fraude.

Durante as buscas da Lava Jato, a Polícia Federal apreendeu um contrato, segundo o qual 75% das cotas da Ecoglobal foram transferidas, em setembro de 2013, para três empresas, entre elas a Quality Holding Investimento, controlada por Youssef; e a Sunset Global, registrada em nome da filha e da esposa de Paulo Roberto, segundo o inquérito.

"Uma das condições de aquisição das cotas da Ecoglobal era justamente a celebração de contrato com a Petrobrás, no valor de R$ 443 milhões. Ou seja, a Ecoglobal tinha a receber R$ 443 milhões de um contrato com a Petrobrás quando as empresas 'investidoras' compraram 75% das cotas", afirma o MPF na denúncia.

Conforme o inquérito, o negócio foi feito por valor bem mais baixo: R$ 18 milhões. A PF abriu investigação específica para apurar as evidências de fraude na transação com a fornecedora da Petrobrás. Procurados, os advogados de Paulo Roberto e Youssef não retornaram aos contatos do Estado. O representante oficial da Ecoglobal não foi localizado até o momento da publicação desta reportagem.

Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef foram presos em março durante a Operação Lava Jato, da PF, suspeitos de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Costa chegou a ser liberado após 59 dias, mas voltou a ser preso na semana passada, quando a Justiça Federal foi avisada, pelo ministério público da Suíça, sobre bloqueios de contas bancárias ligadas ao ex-diretor no país europeu. No dia anterior à sua prisão, Costa prestou depoimento à CPI da Petrobrás e negou as acusações contra ele.

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