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Petistas sugerem que Frente Brasil Popular dispute eleições

Grupo formado por partidos e movimentos sociais contrários ao impeachment se apresentaria como uma frente de esquerda

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Em meio à busca por soluções para a maior crise da história do PT, militantes influentes sugerem que a Frente Brasil Popular (FBP), formada por partidos e movimentos sociais contrários ao impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, seja adaptada para disputar eleições com base na reforma política que tramita no Congresso. 

Manifestantes no Anhangabaú em abril para acompanhar a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

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A proposta foi apresentada pelo jornalista Breno Altman em reunião de petistas que integram a FBP, cerca de duas semanas atrás. O primeiro passo seria abrir a frente, que hoje só recebe partidos e entidades, para filiações individuais para, em um segundo momento, a depender da reforma política, disputar eleições. 

“Também exigiria o amadurecimento das condições políticas, programáticas e organizativas para que a FBP viesse a se constituir em alternativa de poder, disputando eleições em todos os níveis. Mas seria um grande avanço se a FBP pudesse ser o embrião de uma coalizão política de toda a esquerda”, disse Altman.

A proposta, ainda embrionária, ganhou apoio de nomes importantes do PT como o ex-ministro Tarso Genro. 

“Entendo que na FBP e os demais movimentos políticos que estão florescendo em diversos lugares e meios do País devem estabelecer um diálogo horizontal para, em negociação com os partidos e frações de partidos de progressistas, tratarem de compor uma nova frente política, programática, de caráter popular, pluralista e democrática”, afirmou Tarso. 

A ideia é transformar a FBP, composta por mais de 60 movimentos populares e sindicatos, além de PT, PCdoB e PCO, em uma federação de partidos, prevista na reforma política. 

Segundo Tarso, para que seja viável, a FBP deve ser horizontal, sem hegemonias nem candidatos pré-definidos. Altman nega que o objetivo seja criar um “biombo” para driblar a rejeição ao PT, explicitada nas eleições municipais deste ano. “De forma alguma. A estratégia frentista responde ao encerramento de um ciclo histórico iniciado em 1980. Nenhum dos partidos de esquerda, nem mesmo o PT, pode mais reivindicar a condição de síntese do campo progressista”, disse ele.

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Oposição. A proposta já encontra oposição entre os movimentos que integram a FBP. “Se for encaminhada formalmente esta sugestão terá a nossa oposição”, afirmou o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.

Criada para mobilizar movimentos anti-impeachment, a FBP passa por um debate interno sobre a possibilidade de elaborar um programa para o País e mudar sua estrutura de organização. Estas questões serão discutidas durante uma conferência no início de dezembro, em Belo Horizonte.  “Isso vai contra a maior crítica que fazemos aos partidos de esquerda que é a de priorizarem muito a disputa eleitoral”, disse Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares.