Petistas negam envolvimento na divulgação da lista de Furnas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Representantes da Comissão Executiva Nacional do PT negaram hoje que o partido esteja envolvido na distribuição da lista contendo 156 nomes de políticos que teriam se envolvido em um esquema de financiamento irregular de campanha ligado à Furnas na campanha de 2002. Apesar de alguns terem demonstrado certa satisfação com as denúncias que atingem partidos de oposição, todos rejeitaram a idéia de que o partido teria contribuído para a divulgação. O secretário de Finanças do partido, Paulo Ferreira, não disfarçou o entusiasmo com as denúncias logo antes de conceder entrevista coletiva, pouco antes de ser iniciada a primeira reunião da executiva petista este ano. "Com a lista de Furnas, ficou mais fácil falar", brincou. Apesar de ressaltar que ainda é preciso investigar a veracidade do documento, Ferreira afirmou que isso ajuda a comprovar que as irregularidades no financiamento de campanha não são atributo exclusivo do PT. Ao comentar a eclosão do escândalo do mensalão em junho do ano passado, Ferreira afirmou que desde o princípio o PT colocou esta questão como sendo "parte da cultura política nacional". "Não se tratava, naquele momento, de um fenômeno relacionado única e exclusivamente ao PT". Questionado sobre a possibilidade de o partido ter contribuído para a distribuição do documento, Ferreira insistiu: "a lista preexistia, supostamente ela tem origem em um ex-funcionário de Furnas. O PT não tem absolutamente nada a ver com a divulgação desta lista". O secretário de Comunicação e ex-ministro do governo Lula, Humberto Costa, acrescentou que não tem conhecimento de qualquer relação do partido com o documento e ressaltou que o vínculo lembra o fato de o PT ter sido vítima de diversas denúncias não fundamentadas ao longo dos últimos meses. "Eu ignoro que tenha partido do PT qualquer tipo de lista, até porque o partido tem sido vítima de várias denúncias sem fundamentação. O secretário-adjunto de Organização, Francisco Campos, também negou o envolvimento do PT, mas se mostrou satisfeito com o impacto que a denúncia teve sobre partidos como PSDB e PFL. "De qualquer maneira, a lista mostra que o PSDB e o PFL que esse quadro de "valerioduto" vem da época do governo Fernando Henrique Cardoso. Da mesma forma, o terceiro vice-presidente, Jilmar Tatto, apontou o peso da notícia sobre a oposição, insistindo, no entanto, na necessidade de investigar a informação. "Tem de apurar a veracidade, mas há fortes indícios de que (o documento) é verdadeiro", afirmou Tatto. "Mas eu acho que a oposição foi pega com pernas curtas". Questionado sobre a possibilidade de o PT ter se envolvido na distribuição da lista, Tatto insistiu que no jogo político é de se esperar que a oposição tente desqualificar a denúncia. A deputada federal Maria do Rosário, que ocupa a segunda vice-presidência do PT, também negou que a legenda tenha contribuído para a veiculação dos nomes, mas insistiu que este é o momento de outros partidos se explicarem junto à sociedade, assim como fez o PT diante da eclosão do escândalo do mensalão. "Ao longo deste último período, o PT foi o prato do dia e foi dilacerado", afirmou a deputada. "Agora começou a chover granizo em cima dos tucanos e eu acho que eles terão grandes explicações para dar". A reunião da Comissão Executiva do PT foi iniciada na sede do Diretório Nacional do partido, na capital paulista. O presidente nacional da legenda, Ricardo Berzoini, chegou bem cedo ao local, antes que a imprensa comparecesse para a cobertura do evento. O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, também consta na lista de presença mas não quis falar com os jornalistas. Além disso, estão no local a secretária de Formação Política, Marlene Rocha, e o coordenador do grupo de trabalho eleitoral, Gleber Naime, que também não conversaram com a imprensa. O encontro deve se estender até o final do dia e englobará discussões sobre a situação política e as eleições deste ano, sobre o Fórum Social Mundial, encerrado recentemente em Caracas, na Venezuela, o planejamento das secretarias petistas para 2006 e os detalhes do encontro nacional da legenda, que será realizado em abril.

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