Petistas ignoram punição a réus

PT cria Código de Ética, mas adia discussão sobre instalação de Corregedoria para investigar os filiados

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Por Wilson Tosta e Vera Rosa
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Em seu primeiro Congresso Nacional após a denúncia do mensalão, o PT não fez ajuste de contas e ignorou o tema punição para os petistas processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa do escândalo, adiando para 2009 a discussão sobre uma Corregedoria para investigar eventuais desvios de seus filiados. Aprovou, porém, por amplo acordo entre tendências, a proposta de criar para a legenda um Código de Ética, a ser redigido por seu diretório nacional. A decisão foi comemorada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, um dos integrantes do grupo Mensagem ao Partido, que há meses lançou a proposição, à qual a tendência Construindo um Novo Brasil (ex-Campo Majoritário), a princípio, se opunha. "No momento em que propusemos, teve uma resistência grande", disse Tarso ao Estado. "Mas mesmo quem era contra não teve condição de defender sua posição." O texto do acordo foi defendido pelo deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), de Mensagem ao Partido, e pelo ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, de Construindo um Novo Brasil. "Cada centavo desviado dos cofres públicos é um centavo a menos na prestação de serviços públicos e na promoção da cidadania", disse Cardozo, enfático. "Não somos como os outros, temos a ética na política como afirmação central." Patrus disse que defende a criação do código desde a fundação da legenda. "Sempre achei uma contradição o partido ter Conselho de Ética e não um Código de Ética." O adiamento do debate sobre a criação da Corregedoria - proposta que o ex-Campo acusava de caráter policialesco - entrou na negociação. Os dois lados gostaram: os contrários se livraram do seu espectro e seus defensores acham que a discussão do código poderá facilitar a sua futura criação. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), disse acreditar que o Diretório Nacional terá "maturidade" para criar um código que dê aos filiados condições de fiscalizar os dirigentes partidários e defendeu as atuais comissões de ética como instâncias para investigação interna. Ele destacou que nenhuma tendência propôs iniciativas em relação a "comportamentos individuais, pelo entendimento de que o congresso é um espaço para discussão de idéias, não de casos". Um dos processados pelo caso do mensalão, o ex-ministro José Dirceu afirmou que defende o código. "Acredito que o PT, mais do que um ter um Conselho de Ética, precisa de uma auditoria externa, precisa ter um conselho fiscal independente e o País precisa fazer a reforma política e administrativa." PED Os petistas também decidiram por consenso antecipar para 2007 o Processo de Eleições Diretas (PED) das direções. A eleição foi marcada para 2 e 16 de dezembro (primeiro e segundo turnos), mas o ex-Campo Majoritário também teve de recuar. Inicialmente, defendia mandatos de quatro anos para os dirigentes que serão eleitos; depois, aceitou dois anos para os diretórios municipais e quatro para os demais. Diante da recusa de outros grupos, conformou-se com dois anos para os três níveis, com nova discussão em 2009. Na tarde de ontem já se especulava sobre quem poderá disputar a presidência do PT. Pelo ex-Campo, Berzoini, Marco Aurélio Garcia e a senadora Ideli Salvatti (SC); por Mensagem, Cardozo, o ex-ministro das Cidades Olívio Dutra, o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, e o deputado Jorge Bittar (RJ); pela Articulação de Esquerda, Valter Pomar.

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