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Petistas dizem que ação contra Mantega foi 'Operação Tabajara'

Líder do partido na Câmara criticou a espetacularização da investigação e disse que ao voltar atrás da decisão, Moro tenta sair 'incólume', como 'bonzinho'

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Por Isabela Bonfim , Igor Gadelha e Daiene Oliveira
Atualização:

BRASÍLIA - Deputados do PT afirmaram nesta quinta-feira, 22, que a decisão do juiz Sérgio Moro de mandar prender e depois soltar o ex-ministro Guido Mantega tira a credibilidade da Operação Lava Jato conduzida pelo Ministério Público Federal e pelo Poder Judiciário.

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Para o deputado Paulo Pimenta (RS), a prisão de Mantega foi uma “arbitrariedade”, “uma Operação Tabajara” e reforça a tese defendida pelo PT de que o partido é alvo de perseguição política.

Segundo Pimenta, apesar de o pedido de prisão de Mantega ter sido feito pela força-tarefa da Lava Jato em junho, ele foi efetivada somente agora por questões políticas. “Se o Mantega fosse uma pessoa que inspirasse risco, perigo de fuga, ninguém esperaria tanto tempo”, disse.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), também criticou a espetacularização da investigação e disse que ao voltar atrás da decisão, Moro tenta sair “incólume”, como “bonzinho”. “E a imagem, a família e as pessoas?”, questionou. 

Florence afirma que erros “crassos” e excessos se tornaram rotina nas investigações. “Tem virado regra as exceções”, comentou. O líder petista voltou a dizer que a prisão de Mantega foi um “alto desrespeito ao ser humano” e que as acusações que pesam contra o ex-ministro precisam ser provadas antes que medidas extremas sejam tomadas.

O ex-ministro foi preso quando acompanhava a cirurgia da mulher em um hospital de São Paulo, no início da manhã. Ao decidir soltá-lo, Moro apontou esse como um dos motivos.“Isso é perverso do ponto de vista humano. Mas tudo vale para atacar o PT”, disse Florence.

Ironia no Twitter. Senadores do PT ironizaram decisão judicial de prender o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no âmbito da operação Lava Jato, que foi revogada cinco horas após a prisão nessa quinta-feira. Nas redes sociais, senadores publicaram comentários em tom de zombaria e crítica à operação.

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Gleisi Hoffmann (PT-PR) acuso o juiz Sergio Moro de revogar prisão de Mantega em legítima defeda. "Após críticas, Moro revoga prisão de Mantega para que ele acompanhe esposa em cirurgia. A ordem pública não corre mais risco. Muito 'humano'", ironiza.

"Prisão só serviu pra impedir Mantega de acompanhar cirurgia da esposa com câncer e fazer propaganda anti-PT. Mais uma vez perderam a linha", escreveu Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do bloco de oposição no Senado.

Para o líder do PT, Humberto Costa (PE), a revogação da prisão confirma o autoritarismo da ação. Ele também reclamou do fato de a prisão ter acontecido em um hospital, quando o ex-ministro acompanhava a esposa. "Prende-se um cidadão num hospital, ao lado da mulher com câncer, que ia se submeter a uma cirurgia. Depois, manda-se soltar. Que vergonha! Ficam absolutamente claros o abuso e o autoritarismo, que o próprio autor reconhece com a revogação do ato", escreveu.

O ex-ministro Guido Mantega foi preso temporariamente pouco antes das 7h da manhã no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se encontrava para acompanhar a cirurgia a que estava sendo submetida sua mulher. Segundo a PF, Mantega se entregou na portaria do hospital. Cerca de cinco horas depois de ser preso, Guido Mantega foi solto por ordem do juiz Sérgio Moro. No despacho, o magistrado alegou que não sabia da condição de saúde da esposa do ex-ministro.

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Impacto. Humberto Costa (PE) afirmou, ainda, que a prisão temporária do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) não deve ter impacto nos candidatos do PT nas eleições municipais deste ano, porque foi revogada. Para ele, a revogação da prisão pelo juiz federal Sérgio Moro foi um reconhecimento da Operação Lava Jato do "excesso" cometido contra o ex-ministro petista.

"O objetivo (da operação contra Mantega) era de perseguir e desgastar o PT'", afirmou Costa ao Broadcast Político. Para ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "foi feliz" ao dizer que a operação desta quinta-feira deveria se chamar "boca de urna". "Acredito que não vai ter efeito (nas campanhas de candidatos do PT), até pelo fato de ter sido revogada", disse. "A própria revogação foi um reconhecimento de que erraram". 

Fortalecimento. Já o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) afirmou que o episódio vai fortalecer as candidaturas do PT e de esquerda no Brasil nas eleições municipais deste ano. Para ele, a prisão do ex-ministro, revogada pelo juiz federal Sérgio Moro pouco tempo depois de cumprida, vai estimular a militância de esquerda a ir às ruas e defender os candidatos desse espectro político.

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"Os excessos como o de hoje nos favorecem do ponto de vista eleitoral, porque estimula nossa militância, que fica indignada e vai às ruas", afirmou ao Broadcast Político Costa, que foi vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara. Para o parlamentar, a prisão não deve ter efeito negativo sobre os candidatos, porque afeta apenas a opinião de parte da classe média brasileira que não vota no PT. "Não adianta sonhar. Parte da classe média não vai votar no PT", disse.

O deputado também criticou a ação da Polícia Federal, que cumpriu o mandado de prisão temporária de Mantega na manhã desta quinta-feira, quando o ex-ministro acompanhava sua esposa em um procedimento cirúrgico, em um hospital na capital paulista. "Respeito a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário do meu País, mas entendo que tem ocorrido alguns excessos. A forma como prenderam Mantega foi um ponto fora da curva." 

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