Brasília - Após o PT cobrar explicações do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre a ação da Polícia Federal na Operação Lava Jato, integrantes da sigla voltaram a criticar o ministro nas redes sociais.
O ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, que cumpre prisão domiciliar após ser condenado no julgamento do mensalão, retuitou um correligionário mineiro que comparou o controle que Cardozo tem em relação à Polícia Federal com a que o general Argemiro Assis Brasil, chefe da Casa Militar, tinha sob seus pares quando João Goulart foi deposto da presidência pelo golpe de 1964.
“O general Assis Brasil garantia o ‘esquema’ militar de Jango. Algo como a PF ‘republicana’ do Cardozo. Deu no que deu”, afirmou Paulo Tadeu, que no Twitter se descreve como ex-prefeito de Poços de Caldas (MG), vereador e fundador do Partido dos Trabalhadores. A mensagem publicada na rede social traz uma montagem com uma foto de Assis Brasil e outra de Cardozo ao lado da presidente Dilma Rousseff.
A cobrança dos petistas fez com que o ministro cogitasse deixar o cargo. Homem de confiança da presidente, ele decidiu permanecer no ministério após conversar com a petista esta semana.
Assis Brasil passou à história como uma autoridade que desconhecia a amplitude da movimentação anti-governo na véspera do golpe de 31 de março de 1964, comandado pelos próprios militares do qual ele fazia parte - e de certa forma comandava.
No dia do golpe, Assis Brasil estava no Rio de Janeiro, que à época ainda concentrava praticamente toda a estrutura federal, apesar de já ter deixado de ser a capital do Brasil há quase 4 anos naquele momento. Quando informado da agitação da tropa em Minas Gerais, Assis Brasil entrou em contato com a direção do antigo 1º Exército, que era responsável pelas bases no Rio, em Minas e em Espírito Santo. O general foi convencido de que nada havia de errado. Apesar disso, no próprio Rio, as tropas já tinham iniciado o levante contra o presidente da República.
Ao final do golpe, na madrugada de 2 de abril, Assis Brasil, que tinha ido ao encontro de João Goulart em Brasília no dia anterior, embarcou com o presidente deposto até o Rio Grande do Sul e, de lá, para o Uruguai. Jango, como era chamado Goulart, nunca mais voltaria ao Brasil. Já o general, seguindo a hierarquia militar, retomou ao País em 4 de abril e foi imediatamente preso pelo novo regime. Depois, Assis Brasil foi demitido do Exército e, até a Lei da Anistia, de 1979, viveu como professor particular. Morreu em junho de 1982 e o presidente da República, naquele momento, ainda era um militar, João Figueiredo.