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Petistas acampam no Planalto para acompanhar de perto posse de Dilma

Paraense e cearense chegaram antes do Natal para garantir lugar privilegiado.

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Por Rafael Spuldar
Atualização:

Entre os visitantes que frequentam a Praça dos Três Poderes, em Brasília, dois filiados do PT se destacam nestas horas que antecedem a posse da presidente Dilma Rousseff. Ambos vieram de muito longe, percorreram seu trajetos por via terrestre e estão há vários dias acampados no local. Posicionado desde o dia 20 de dezembro junto a uma grade em frente à rampa do Palácio do Planalto, o professor Robson Messias, 40 anos, alega ter sido a primeira pessoa a chegar não só para a posse de Dilma, mas também para as duas posses de Lula - em 2003 e 2007. Ele percorreu os cerca de 1,5 mil quilômetros que separam Brasília e a sua cidade - Bom Jesus do Tocantins, no Pará - andando, em ônibus e vans. O trajeto levou cerca de um dia e meio. Na primeira posse de Lula, Messias conta que fez a viagem de carona, pois estava desempregado e sem dinheiro. "Na segunda, eu era vereador, então foi mais fácil conseguir viajar", afirma.

 

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Messias diz ter sido o primeiro a chegar para a posse de Dilma. Foto: Wilton Junior/AE

Filiado ao PT há 26 anos, Messias diz que se elegeu na cidade de Abel Figueiredo graças a uma foto que conseguiu tirar ao lado do presidente. Em 2008, não se reelegeu. Usando uma boina vermelha, Messias traz consigo mochilas com roupas e mantimentos, uma bandeira de seu município, um livro surrado sobre a vida do líder guerrilheiro Ernesto 'Che' Guevara e uma carta que pretende entregar a Dilma. Segundo o petista, o texto parabeniza a presidente pela vitória e pede que ela "olhe com mais carinho para os companheiros do partido". Ele também quer que "os companheiros que ela colocou nos ministérios não se esqueçam de suas origens."

'Camarada humano'

Em 2003, 'Zé da Motoca' convenceu Lula a subir em seu veículo

Messias diz ser favorável às alianças do PT com outros partidos, como o PMDB. Ele afirma que defendia posições polêmicas logo depois da primeira eleição de Lula, como a estatização da Vale, mas entendeu que este não era o caminho. "Lula tinha que fazer o trabalho dele." O paraense esteve com Lula pouco antes de sua segunda posse, em dezembro de 2006, para um café-da-manhã no Planalto. Messias mostra fotos do evento e diz que o presidente é um "camarada humano". Ele diz que nunca esteve perto de Dilma, mas acredita que ela tem "os mesmos valores de Lula em relação ao povo brasileiro." A poucos metros de Messias está o mecânico José Cândido de Lima, 58 anos, o "Zé da Motoca". Montado em um motociclo, ele saiu de Fortaleza (CE) no último dia 12, chegando à capital federal na véspera do Natal. Ele realizou o mesmo percurso na primeira posse de Lula, em 2003. Na ocasião, "Zé" só deixou Brasília depois de convencer o presidente recém-empossado a subir em seu veículo. E ele conseguiu - na parte de trás da "motoca", está colada uma foto do presidente mais popular da história, montado no moto. Agora, seu objetivo é voltar para casa só depois que Dilma montar em seu motociclo, "nem que eu durma na frente do palácio". "Dilma tem a faca e o queijo na mão para fazer um bom governo", diz "Zé". "Ela pode ser uma presidente ainda melhor que Lula." Para dormir, "Zé" recorre a postos de gasolina, como costuma fazer durante suas viagens de moto. Quando o tempo fica bom, ele passa a noite ao relento mesmo.

Fotos na 'motoca'

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Na Praça dos Três Poderes, o mecânico não só posa em cima de sua "motoca", mas guia com ela pelo local, permite que crianças e jovens tirem fotos em cima dela e insiste que o repórter da BBC faça o mesmo, para que ele tenha a imagem como recordação. Junto de sua "motoca", "Zé" protagonizou um fato inusitado em maio de 2005, quando tentou subir - motorizado - a rampa do Palácio do Planalto, depois de um desentendimento com o então deputado petista José Genoino, sobre o qual não dá detalhes. Apesar da confusão, o cearense foi detido por poucas horas e não acabou preso. "Zé" diz ser partidário do PT desde 1982, embora tenha se filiado somente em 2008. Ele diz ter admiração não só pelo trabalho de Lula, mas do seu partido em geral. Quando à cerimônia de posse, ele espera que seja uma "transição bonita". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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