
10 Setembro 2007 | 18h48
O senador Delcidio Amaral (PT-MS) apresentou à Mesa do Senado projeto de resolução que torna aberta a sessão plenária de quarta-feira na qual será julgado o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), por quebra de decoro parlamentar. A sessão secreta está prevista no regimento do Senado. Delcídio informou que vai fazer um apelo aos líderes para que façam um acordo e aprovem até esta terça-feira o seu projeto de resolução. Apesar de defendida por setores da oposição e do governo, o efeito prático da medida é quase nulo. Isso porque a proposta que altera o regimento do Senado precisa percorrer um longo caminho para que se transforme em regra. E não há tempo para tanto. Veja também: Veja a cronologia do caso Renan Íntregra do relatório que pede a cassação de Renan Entenda as três frentes de investigação contra Renan "Queremos dar transparência ao processo", disse o senador a jornalistas . Ele lembra que a sessão para julgamento de processos contra deputados na Câmara é aberta e isso torna o processo mais transparente. Para que o projeto de resolução entre na pauta do plenário, dois terços dos 81 senadores teriam, antes, de aprovar um pedido de urgência à matéria. O quórum é considerado altíssimo e o prazo, apertado. Se o requerimento de urgência fosse aprovado, a mudança no regimento só poderia ser apreciada após um intervalo de duas sessões, o que ultrapassaria a quarta-feira. Em sessão no plenário, o também senador petista Paulo Paim (PT-RS) motivou um debate sobre ojulgamento de Renan, mas desta vez, sobre o voto. Antes de ser aparteado por quatro colegas, o parlamentar propôs um acordo para que o voto deixe de ser secreto em algumas votações, o que, para ele, "não é bom para ninguém". Paim citou o exemplo de seu próprio partido: segundo ele, se o partido votar pela cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a imprensa dirá que "o PT traiu seu principal aliado". Caso vote pela absolvição, argumentou, será dito que o partido votou contra a opinião pública. Mais cedo, a líder do partido no Senado, Ideli Salvatti , disse que cada um dos 12 senadores petistas está liberado para votar como achar melhor. Ela disse que o PT não fechará voto sobre a questão. "Nenhuma liderança de partido tem o direito - não fará e eu não farei isso na bancada do PT - de tentar qualquer fechamento de questão. Cada um dos parlamentares vai votar conforme a sua consciência", disse. A senadora disse que não é possível ter uma previsão do resultado da votação, marcada para esta quarta-feira . Segundo ela, a única certeza que se tem é de que não haverá unanimidade nos votos, mesmo dentro dos partidos. Relação 'redonda' O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse nesta segunda que a relação do governo com o PMDB não será afetada por uma eventual cassação do presidente do Senado. "A relação com o PMDB nunca esteve tão redonda", disse Wagner, após um almoço em Washington. O governador da Bahia está na capital americana para assinar um empréstimo de US$ 100 milhões do Banco Mundial para recuperação de estradas no Estado. Para Wagner, o resultado da votação de quarta-feira, que decidirá o destino de Renan, é "imponderável". "Trata-se de um julgamento político e uma votação secreta, o que conta é o convencimento político individual de cada senador e não a comprovação efetiva do delito." Processos Neste primeiro processo, que será decidido na quarta-feira, Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por lobista ligado à construtora Mendes Junior. O pagamento seria destinado à jornalista Monica Veloso, com quem ele tem uma filha fora do casamento. Além desta, o presidente do Senado é alvo de mais três representações no Senado. Ele é acusado de ter favorecido a cervejaria Schincariol, que comprou uma fábrica falida de sua família, de ser dono oculto de duas emissoras de rádio em Alagoas e de participar de um suposto esquema de propina envolvendo membros do PMDB. (Com Reuters)
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