Petista mira vida pessoal do prefeito

Na reestréia da propaganda eleitoral, Marta adota tom mais agressivo contra Kassab, que critica gestão anterior

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Por Roldão Arruda
Atualização:

Na retomada da propaganda eleitoral gratuita pela TV, ontem, a principal novidade ficou por conta da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Ela adotou um tom mais agressivo com o intuito de lançar sombras e dúvidas sobre o nome de seu concorrente - o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM). No programa de 10 minutos, apresentado às 13 horas, a propaganda petista associou Kassab à ditadura militar, ao lembrar que ele já pertenceu ao PL e ao PFL e agora está no DEM. Segundo o programa, são "partidos que nasceram da Arena e do PDS, as siglas que davam apoio incondicional à ditadura militar". Mais tarde, nas inserções reservadas aos candidatos nos intervalos comerciais da TV, a propaganda da ex-prefeita ultrapassou a política e tentou atingir a imagem pessoal do oponente. Exibindo uma foto de Kassab em branco e preto, o locutor fez indagações sobre o seu passado. As últimas perguntas foram: "É casado? Tem filhos?" E concluiu: "Para decidir certo é preciso conhecer bem." Com a candidata situada em segundo lugar na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, os marqueteiros de Marta parecem apostar na desconstrução da imagem do prefeito para reverter o placar. Em outra inserção de 30 segundos, um executivo, num escritório vazio, como se tivesse sido roubado, diz: "E eu que achava que era o sócio ideal. Falava de números como se entendesse de tudo. Ele traiu minha confiança. Perdi tudo." O presidente da República apareceu com destaque no programa do PT. Elogiou a administração de Marta (2001-2004), disse que experiências conduzidas por ela inspiraram projetos de seu governo e também insistiu em que o eleitor precisa conhecer a biografia dos candidatos. "Você acha que a história da Marta é igual à do Kassab?", perguntou o presidente no programa da noite. A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, também foi mobilizada para dizer que as idéias e os programas de Marta são afinados com os projetos de Lula. ANTEPARO O programa de Kassab insistiu na associação entre a imagem do prefeito e a do governador José Serra (PSDB), além de enfatizar as obras da atual administração - que conta com 61% de aprovação da população. No horário noturno, o prefeito respondeu indiretamente às críticas do programa de Marta: "Nossa cidade, a quarta cidade do mundo, precisa pensar grande, aproximar as pessoas de bem e as boas idéias. Não importa de que partido elas venham." Os dois candidatos fizeram comparações entre as administrações. Kassab voltou a provocar a ex-prefeita na questão das taxas e fez referência indireta à polêmica frase "relaxa e goza": "Comigo não tem aumento de taxa, nem taxa nova, nem relaxamento." Marta, que perdeu massa eleitoral na classe média, destacou: "Quero implantar projetos que beneficiem toda a cidade e todas as classes sociais, que não esqueçam os pobres, que ficam sempre em segundo plano, mas que também não esqueçam da classe média e dos ricos." Em outra inserção, a propaganda procurou aproximar a petista do ex-governador Mario Covas (PSDB), na tentativa de atrair o voto dos eleitores mais fiéis do candidato derrotado Geraldo Alckmin (PSDB). De maneira geral, o marketing petista tratou de instilar certa dose de medo e de insegurança nos eleitores em relação à eleição de Kassab. Um exemplo disso foi esse trecho: "Seu passado não é bom. Seu presente, que a gente está conhecendo nesta campanha, é muito mais baseado na propaganda do que na realidade, e o futuro é uma incógnita." As frases lembraram a aparição da atriz Regina Duarte, em um programa de José Serra, no fim da campanha presidencial de 2002. Em depoimento pessoal, ela dizia estar "com medo" diante da perspectiva de Lula ser eleito. A fala provocou uma onda de reações do PT e de intelectuais e artistas pró-Lula. COLABOROU SILVIA AMORIM

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