‘Pessoal da esquerda não quer ganhar eleição, quer lacrar’, diz Márcio França

Candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo diz ter mais chance num eventual 2º turno e critica adversários durante sabatina do ‘Estadão’

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Por Redação
Atualização:

Ao afirmar que possui mais chances entre os candidatos de centro-esquerda num eventual segundo turno na eleição para a Prefeitura de São Paulo, o candidato do PSB, o ex-governador Márcio França afirmou ontem que o campo político não quer ganhar eleição, “quer lacrar”. Ele foi o oitavo de 11 concorrente ao cargo que participam da série de sabatinas do Estadão

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Na mais recente pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão, França aparece com 7%, empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL), o mais bem colocado entre os candidatos da esquerda, com 10% – a margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. “Boulos é candidato a presidente da República. Caso não dê certo em São Paulo e o (Fernando) Haddad (PT) estiver fraco ou desaparecido, ele vira o candidato líder da esquerda.”

Na entrevista, França atacou, além de Boulos, seus principais concorrentes na disputa. Afirmou que o PT é injusto com Jilmar Tatto e que Celso Russomanno e Bruno Covas – que lideram a pesquisa Ibope – são candidatos com “sombras” maiores por trás, em referência ao presidente Jair Bolsonaro, apoiador do candidato do Republicanos, e ao governador João Doria, aliado do prefeito tucano.

Candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo, Márcio França falou sobre propostas, desempenho nas pesquisas, e criticou seus adversários durante sabatina do Estadão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Primeiro turno

França prevê que Boulos e Tatto somem cerca de 20% dos votos no primeiro turno e disse acreditar que terá também perto desta porcentagem dos votos válidos. “O PT e o Boulos não cabem em uma casinha só. Vão dividir 20 pontos. Acho que o PT tem condição, é maior, mais forte, acredito que faça esse crescimento. E as únicas pesquisas que fazem em relação ao segundo turno, o único candidato que vence do Bruno no segundo turno sou eu. Cada candidato aqui tem uma sombra para a Presidência. Se o Bruno ganhar, as pessoas querem que o Doria vá para a Presidência. Se Russomanno ganhar, querem que o presidente se reeleja. Se Boulos ou o candidato do PT, querem que (o ex-presidente) Lula volte a ser candidato.”

Pesquisas de intenção de voto

França afirmou que teve 22% dos votos válidos no primeiro turno na capital em 2018, quando concorreu a governador. “Essa é a marca que eu vou atingir. Pesquisa, vocês sabem, fotografa o instante e o sentimento das pessoas em relação a nomes conhecidos. Se eu chegar no balcão de um bar e mostrar uma série de refrigerantes, Tubaína, Cajuína, a pessoa opta por Coca-Cola. Russomanno é uma pessoa conhecida. O prefeito é o atual prefeito, então tem de ter voto mesmo. No fundo, três ou quatro nomes disputam uma vaga e as outras, a segunda vaga.”

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Jair Bolsonaro

A ida do ex-governador a um ato com Bolsonaro irritou a cúpula do PDT, que já viabilizava uma aliança pela Prefeitura de São Paulo, e acabou se coligando ao PSB. “Eu tenho zero a ver com o Bolsonaro. Eu tenho alguns vínculos: ele é do Vale do Ribeira e eu também. A esposa dele trabalhou no gabinete com o meu suplente. Vim conhecê-lo agora quando eu fui tentar aquela ajuda para Beirute.”

Gestão

O ex-governador disse que a Prefeitura terá de cortar despesas em 2021. Ele propõe governar com apenas 1% dos cargos comissionados. “No ano que vem, vamos passar por uma redução de despesas. Tudo isso vai desaguar no começo do ano, com pandemia. Uma das alternativas, duras, que pensamos é em relação aos cargos de comissão. Estou me propondo a governar com 1% desses cargos, 70 apenas. Tenho experiência.”

Governo de Bruno Covas

França afirmou ter respeito pelo prefeito e relembrou a amizade com o ex-governador Mário Covas, avô de Bruno. Mas, criticou o prefeito por, em sua avaliação, deixar o comando da cidade para um grupo de vereadores. “Eu me dou muito bem com o Bruno, é uma pessoa valente. Mas eu acho que ele tá sem nenhuma condição. Hoje ele não é prefeito, é um grupo de vereadores. Bruno sequer consegue mandar embora um subprefeito.”

Vacina da Covid-19

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França criticou Doria ao ser perguntado se é a favor ou contra a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. “O Doria anunciou 134 vezes essa história da vacina. Agora começou a se discutir se vai ser obrigatório uma vacina que não existe. O Supremo vai ser consultado. Toda pessoa de bom senso tem a obrigação de tomar a vacina. É claro que o poder público não vai entrar de casa em casa para vacinar. Só vou discutir a obrigatoriedade se tiver vacina.”

Fapesp

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França se irritou ao ser questionado sobre a retirada de R$ 140 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) quando era governador em 2018. Ele afirmou que não tirou dinheiro nenhum e que retiraria a candidatura se isso fosse mentira. Sua gestão chegou a decretar a retirada para complementar o orçamento de outros órgãos estaduais, mas recuou. O decreto com abertura de crédito suplementar foi publicado com a informação de que parte dos recursos teria fonte em “recursos desafetados da Fapesp”, no valor de R$ 140 milhões. Dois dias depois, o governo revogou o decreto. No dia 31 de dezembro, o mesmo texto do decreto foi publicado novamente, desta vez a menção à fonte dos recursos da Fapesp foi retirada do texto. 

“Quando você faz uma movimentação de todas as contas do Estado, fica contingenciado. Depois, você devolve. Os recursos do Estado são divididos em 12 prestações. Eu não tirei nem devolvi, o dinheiro estava contingenciado. A proposta do Doria era de tirar dinheiro da Fapesp", afirmou França. Ao final da sabatina, o candidato pediu desculpas por ter se exaltado com o repórter que o questionou sobre os recursos.

Volta às aulas

O candidato do PSB afirmou que o planejamento de volta às aulas pós-pandemia começa por preparar as escolas. “Aí, reveza os alunos, coloca 20% da sala. As crianças podem ir para o shopping e não podem ir para a aula? Claro, eles bateram tanto a cabeça com essa história de covid que a pessoa se sente insegura. Tem que poder fazer o teste em todo mundo, colocar na porta das escolas a preparação para cada escola, como outros países fizeram.” / MARCELO GODOY, PAULA REVERBEL e MATHEUS LARA

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