Pesquisadores estudam psicoses em São Paulo

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Por Agencia Estado
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Qual será a incidência das psicoses na capital paulista? Para responder a essa pergunta, psiquiatras brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) e ingleses do Instituto de Psiquiatria de Londres estão trabalhando juntos. O levantamento, que começou há seis meses, vai terminar em dois anos. Esse tipo de dado só é conhecido em países desenvolvidos. O mesmo trabalho acaba de ser realizado com a população de Londres, na Inglaterra. Os dados londrinos estão em fase de análise. Além de conhecer o número de casos novos das psicoses, os pesquisadores querem detectar que fatores de risco desencadeiam as doenças e qual é a qualidade do tratamento oferecido. Em São Paulo, o mapeamento das psicoses vai ser feito em bairros da região central e das zonas oeste e norte. A área selecionada corresponde a cerca de 1,5 milhão de habitantes. "Vamos avaliar 250 pessoas doentes e 500 saudáveis", diz Paulo Rossi Menezes, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP. As principais psicoses são esquizofrenia e transtorno bipolar do humor. Na esquizofrenia, o paciente ouve vozes e tem alucinações que se confundem com a realidade. No transtorno bipolar do humor, o paciente experimenta crises de euforia e de depressão. Fatores ambientais desencadeiam as psicoses. "Ainda nãom está claro quais são esses fatores de risco", diz Menezes. "Em Londres, detectamos que imigrantes africanos têm seis vezes mais risco de manifestar esquizofrenia do que os londrinos", explica Robin Murray, professor do Instituto de Psiquiatria de Londres. Conhecer os fatores de risco é importante para que a manifestação das psicoses possa ser evitada. Essas doenças não têm causa única. Já se sabe que possuem um componente genético, mas também têm relação com danos cerebrais provocados durante o nascimento. Indivíduos com tais características são vulneráveis ao desenvolvimento da psicose. Mas a doença se manifesta só quando ele é exposto a um fator de risco. "Estudos mostram que o uso de drogas como anfetaminas, cocaína e maconha pode ter esse efeito em indivíduos vulneráveis", diz Murray. Medicamentos e psicoterapia são as principais formas de tratamento das psicoses. O professor Murray lembra que há níveis de psicose. "Há portadores dessas doenças que têm desempenho normal na vida profissional, por exemplo." Segundo Murray, na maior parte do tempo, essas pessoas são sensíveis e mentalmente equilibradas. "Em compensação, não podemos nos esquecer que pessoas normais têm pensamentos insanos."

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