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Pesquisadores criam método para reciclagem de pneus

Por Agencia Estado
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Um novo processo de reciclagem de borracha vulcanizada, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), poderá ajudar a resolver um dos graves problemas ambientais do Brasil: os 100 milhões de pneus velhos espalhados em aterros, terrenos baldios, rios e lagos. Dado o potencial econômico da nova tecnologia, seus inventores já a patentearam no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O método inédito, mais simples e barato do que o empregado hoje, converte a borracha vulcanizada em um material polimérico (uma espécie de plástico viscoso), que, por sua vez, pode ser transformado em pneus novos, combustível, óleo, graxa, plásticos, asfaltos de maior elasticidade e durabilidade ou aditivos para outros polímeros. O químico Rochel Montero Lago, do Departamento de Química da UFMG, coordenador da equipe que desenvolveu o processo, explica que os métodos existentes para desvulcanizar borracha são caros. "A composição da borracha vulcanizada dá a este material alta resistência química e física", diz. "Isso torna a reciclagem um processo complexo e não economicamente atraente para a indústria." Outro problema é que o material resultante dos atuais métodos de desvulcanização é poluente e não dá para ser reaproveitado. Método - Além de ser mais barata, a tecnologia criada na UFMG permite o controle da emissão de poluentes como o gás carbônico (CO22) e o dióxido de enxofre (SO2) durante o processo de desvulcanização. "O diferencial do método é sua simplicidade e a utilização de um reagente barato e disponível no mercado, que rompe as ligações químicas existentes na borracha vulcanizada", diz Lago. "Os processos atuais utilizam, em geral, metodologias complexas, o que encarece e limita sua aplicação em grande escala." Por isso, hoje, os pneus velhos, chamados de "inservíveis" - sem condições de rodagem ou de reforma - são usados como muros de arrimo, para fazer produtos artesanais ou na drenagem de gases em aterros sanitários. Há ainda a queima pura e simples. Um processo altamente poluidor, no entanto, que contamina o ambiente com enxofre, carbono e outros elementos, além de produzir odor desagradável. O método desenvolvido por Lago é uma opção para isso. Além dos 100 milhões de pneus velhos, todos os anos milhões de novos são fabricados. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), em 2001 foram produzidos 45 milhões, dos quais 15 milhões foram exportados. Além da poluição ambiental, pneus velhos também são um problema de saúde pública. Eles acumulam água da chuva e por isso são ótimos locais para a reprodução de mosquitos transmissores de doenças, como dengue e febre amarela.

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