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Pesquisa orienta campanha de Lula

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma pesquisa nacional encomendada pelo PT não apenas ajudou Luiz Inácio Lula da Silva a decidir ser candidato à Presidência da República pela quarta vez consecutiva como revelou que a maioria da população não tem mais medo da "ideologia" do partido. A preocupação da sociedade em relação ao PT no governo federal refere-se à capacidade de gerenciamento da política econômica e também de crises. Não sem motivo Lula iniciou pelo México, na semana passada, a primeira de uma série de viagens internacionais - no dia 13 de maio ele vai à China - e deve apresentar, em junho, as diretrizes do que seria o programa econômico do partido. A desconfiança dos eleitores está expressa em números: para 44% dos entrevistados, se Lula ganhar a eleição presidencial deve formar um Ministério amplo, com filiados "do PT e de outros partidos", incluindo políticos que participam do governo de Fernando Henrique Cardoso. Outros 24% querem que ele chame para a equipe integrantes de outras legendas, mas não aprovam o convite a integrantes da atual administração. Apenas 12% acham que o governo deve ser "só do PT". O levantamento que está orientando a cúpula petista foi realizado no mês passado pelo Instituto Fonte, de Belo Horizonte - o mesmo que fez pesquisas para a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, quando ela concorreu ao governo paulista, em 1998. Foram ouvidos 2.500 eleitores em todo o País. Os resultados entregues à direção do partido incluíram um capítulo de conclusões referentes à parte qualitativa da consulta. Durante vários dias, grupos de homens e mulheres de várias idades e classes sociais reuniram-se para dar opiniões sobre o partido e seu principal líder. Os programas sociais do PT, por exemplo, foram considerados muito importantes, mas os eleitores não querem apenas isso. Esperam mais do partido. Seguindo esta linha, Lula tem coordenado grupos que estão estudando propostas para a segurança pública, moradia e reforma do Estado, entre outros assuntos. A estabilidade econômica é vista pela população como uma grande conquista e, de acordo com a pesquisa, temem-se mudanças drásticas nessa área. No diagnóstico dos eleitores, o PT representa o ideal ético, mas nem sempre é o ideal administrativo. Mesmo com estas ressalvas, Lula ficou animado com os resultados, considerados favoráveis a ele. Ao contrário do que muitos imaginam, a pesquisa mostrou que a maioria dos entrevistados (62%) considera "positivo" o fato de Lula ter concorrido outras três vezes ao mesmo cargo. Mesmo entre os que acham "negativo" (31%), há a convicção de que o petista é "persistente". Embora a estratégia de Lula seja dizer em público que não tem pressa para definir se entra ou não no páreo, sua decisão foi anunciada a dirigentes, governadores e prefeitos do partido no último dia 9. Naquele dia, ele apresentou aos cardeais petistas que se reuniram no Instituto Cidadania - uma organização não-governamental comandada por ele -, os números e avaliações da pesquisa. Na opinião de 57% dos consultados, Lula deve ser candidato. Outros 26% acham que não e 17% estão indecisos ou não quiseram responder. Mais: 34% consideram que o presidente de honra do PT tem chance de vencer a eleição de 2002, enquanto 23% apostam que ele não ganha. Indagados sobre os motivos do crescimento do PT, os eleitores atribuíram o fato a um conjunto de fatores. Para 46%, o PT cresceu porque as pessoas mudaram, 32% responderam que o partido mudou e 20% disseram que a sigla amadureceu. Feita a um ano e seis meses da eleição, a enquete teve perguntas referentes à imagem de Lula e do PT. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quer disputar uma prévia para a escolha do candidato à Presidência, mas seu potencial de votos não foi avaliado. Preocupada com a rejeição a Lula, manifestada em outras eleições, a cúpula petista solicitou uma série de perguntas sobre o tema, em várias rodadas. Uma das impressões registradas indicou que Lula é a síntese do PT, com as mesmas qualidades e os mesmos defeitos da legenda. A fama de "radical" que afasta eleitores do petista é também a responsável por sua escolha para muitos dos que votam nele. A etapa qualitativa da pesquisa mostrou também que, na cabeça das pessoas, existem "dois PTs": um mais sectário e outro mais light. "Os eleitores votam na nova versão, mas a grande referência ainda é o PT mais radical", contou um dirigente da executiva nacional do partido, que teve acesso à pesquisa.

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