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Pesquisa confirma "feminilização" da aids

Por Agencia Estado
Atualização:

Pela primeira vez, o número de adolescentes brasileiras infectadas pelo vírus HIV já ultrapassa o de jovens do sexo masculino, segundo dados do Boletim Epidemológico de Aids divulgados hoje. O fenômeno da ?feminilização? da epidemia, detectado a partir do ano 2000, levará o governo a intensificar ações de prevenção entre as meninas de 13 a 19 anos, que serão o público alvo da campanha do próximo carnaval. Em 2000, foram registrados 191 novos casos de meninas contra os 152 casos de meninos. Notificações de 2001 e 2002 ainda não servem de parâmetro completo porque ainda são parciais. Os dados foram revelados pelo coordenador nacional de DST e Aids, Paulo Roberto Teixeira, durante a comemoração do Dia Nacional de Luta contra a Aids. Em um gramado próximo ao Congresso Nacional, cerca de 800 alunos de escolas públicas do Distrito Federal colocaram 15 mil laços vermelhos com o objetivo de comemorar as vitórias das campanhas contra a Aids. Segundo Paulo Roberto Teixeira, o índice de mortalidade de portadores do vírus HIV caiu 50% e a sobrevida dos pacientes cresceu 12 vezes, de cinco para 58 meses nos últimos anos. Em 1996, foram notificados 25 mil novos casos. Em 2002, o governo estima que sejam registradas 15 mil novas ocorrências. De 1980 a março de 2002, foram notificados no País 237.588 casos de Aids, sendo 8.398 crianças com menos de 13 anos, 61.334 mulheres e 167.656 homens. Relações sexuais foram responsáveis pela transmissão do vírus em 65,6% das ocorrências. A transmissão sanguínea ocorreu em 17,2% dos casos. Apesar de comemorar a redução nas mortes e o aumento da expectativa de vida, Paulo Teixeira disse que é preocupante o fato de as mulheres estarem sendo infectadas. ?No primeiro semestre de 2002, em todas as capitais, a Aids foi a segunda maior causa de morte entre as mulheres?, informou. ?As mortes de mulheres por Aids estavam em patamares inferiores?. Ele defendeu a realização de um estudo para identificar as razões desse fenômeno. Paulo Teixeira considera necessária a intensificação do trabalho de prevenção com as adolescentes. ?A iniciativa de uso do preservativo ainda é do homem?, disse. Por esse motivo, ele defende a realização de campanhas nas escolas, com a distribuição sistemática de preservativos para evitar a Aids e uma gravidez indesejada. Teixeira discorda do conceito em voga nos Estados Unidos de que deva ser incentivada a abstinência sexual. ?É um desserviço?, disse. "É uma estratégia ineficaz pois desprotege as pessoas que têm relações sexuais e nós sabemos que os jovens estão transando?, afirmou.

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