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Pesquisa aponta queda no consumo de cigarro no País

Por Agencia Estado
Atualização:

O consumo de cigarro está caindo em todo País, tomando por base pesquisa realizada no município do Rio pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que revelou que 21,4% da população carioca, de 4.162.103 pessoas, fumam atualmente, contra 29,8% detectados em 1989 pela Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN). De acordo com o Inca, a redução é consistente porque se dá em todas as faixas etárias, com destaque para pessoas com idade inferior a 24 anos, na qual o consumo de cigarro caiu 21,7 pontos porcentuais. Entre a faixa de 25 e 34 anos, a queda foi de 22,9 pontos. Segundo o Inca, a interpretação da pesquisa pode ser dada para todo Brasil porque em levantamentos anteriores não foram verificadas diferenças de hábito marcantes entre o Rio e outras regiões. Entre as mulheres, no entanto, a situação é inversamente proporcional. Enquanto o hábito de fumar entre os homens caiu 14,7% no ano passado em relação a 1989, chegando a 23,4%, entre as mulheres o consumo de cigarros cresceu de 3,5% para 20% nos últimos 12 anos. "Acho que é devido a inserção das mulheres no mercado de trabalho. A competição é muito acirrada e o nível de estresse forte", opina a pedagoga Elizabete Silveira Pereira, 39 anos, que deixou de fumar há nove anos. "Eu era compulsiva. Fumava três carteiras de cigarro por dia", completa. O diretor do Inca, Jacob Kligerman, comemorou o resultado da pesquisa, principalmente levando em conta que o tabagismo é responsável pela morte de 4 milhões de pessoas por ano no mundo, o que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) caracteriza a principal causa evitável de doenças: 90% das mortes por câncer de pulmão, 30% dos óbitos por câncer em geral e 27% das mortes por doença cardiovascular são provocados pelo consumo de tabaco. Ainda pela OMS, 50% dos jovens que experimentam derivados do tabaco, como cigarro de bali, charuto e cachimbo, se tornam fumantes na vida adulta. E mais: 90% dos adultos fumantes começaram a fumar antes dos 19 anos. "Comecei a fumar porque queria tirar onda e acompanhar os amigos de cursinho", admite o estudante de direito Edward Marques Lopes Leão, que fuma desde os 19. Hoje, ao 24 anos, já tentou parar com o vício por três vezes, sem êxito. "Tenho medo de tomar remédios para parar de fumar", justifica. De acordo com o Inca, o hábito de fumar é fortemente influenciado por dois aspectos: grau de escolaridade e nível econômico. A pesquisa mostrou, por exemplo, que a incidência de fumante entre analfabetos chega a 26% - cinco pontos percentuais acima da média. Entre aqueles que têm entre um e quatro anos de estudo, o percentual é de 25,9%. No grupo com renda até dois salários mínimos (R$ 400), 23,5% fumam, e entre os que ganham de dois a quatro salários por mês, o índice cai para 21,4%. "Está claro que as pessoas mais informadas estão cada vez mais conscientes dos males do tabagismo, e que o consumo está concentrado na parcela mais desfavorecida da comunidade", opina o diretor do Inca. A advogada Valéria Neubá, de 45 anos, dos quais 30 como fumante, discorda. "Fumo desde os 15 anos e nunca tive vontade de parar. Tenho três filhos, e apenas um fuma. Acho importante as campanhas do governo contra o fumo, mas tudo é uma questão de gosto. Eu gosto de fumar", frisa. Ao iniciar as comemorações do Dia Mundial Sem Tabaco, na próxima sexta-feira, o diretor do Inca anunciou que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) em parceria com o Banco Mundial (Bird) investirá R$ 2,5 milhões para realizar o primeiro Inquérito Domiciliar Sobre Comportamento de Risco de Doenças Não-Transmissíveis, que será iniciado em junho em todas as capitais e no Distrito Federal. O objetivo, além de traçar um quadro mais abrangente sobre as conseqüências do fumo, o trabalho verificará a situação da população em relação à exposição a fatores de risco de câncer e doenças não-transmissíveis, por meio da abordagem de prática de esportes, colesterol, exposição ao sol, entre outros aspectos.

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