Perícia mostra dinheiro do BB em agência de Valério, diz procurador

Documento da PF faz parte da relação de novas provas da existência do mensalão entregues ao Supremo

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Por Felipe Recondo
Atualização:

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, enviou na semana passada novas provas da existência do mensalão ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. A relação de documentos inclui uma perícia que comprovaria a transferência de recursos do Banco do Brasil, por intermédio do fundo Visanet, para contas da DNA Propaganda. A agência tinha como sócio o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. A perícia foi feita pelo Instituto de Criminalística da Polícia Federal e deve ficar sob sigilo por envolver dados de movimentação bancária. "São perícias que mostram que o dinheiro fez ?X? rota e foi para a conta ?Y?", disse o procurador. De acordo com as investigações, o Banco do Brasil teria pago antecipadamente à DNA R$ 73 milhões por ordem do então ministro da Secretaria de Comunicação de Governo Luiz Gushiken. Por conta dos repasses, Gushiken e o ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato respondem a ação penal aberta pelo Supremo por peculato, o que corresponde a desvio de dinheiro praticado por funcionário público. O procurador enviou ainda documentos da contabilidade das empresas de Valério apreendidos pela PF no início das investigações. Além disso, ele promete remeter mais provas nos próximos dias ao STF. Para Souza, os novos documentos robustecem a denúncia do mensalão e comprovam depoimentos de testemunhas e envolvidos. "A prova pericial veio e constatou que aquilo que se falava era verdade." Procurada, a Visanet prometeu divulgar uma nota à imprensa, mas até o início da noite não havia se pronunciado. EMBARGO Além dos documentos remetidos ao STF, Souza entrou com petição no tribunal para esclarecer um ponto do acórdão do julgamento que tratou das denúncias contra o publicitário Duda Mendonça. Ele avalia que uma das acusações contra Duda sobre lavagem de dinheiro não ficou clara e pede que a denúncia seja evidenciada. Advogados dos réus no escândalo também ingressaram com recursos do mesmo tipo, de embargos de declaração. Até ontem, contestaram trechos do acórdão os advogados do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), de Marcos Valério, do ex-deputado Roberto Jefferson, de Rogério Tolentino, de Kátia Rabello e do presidente do PR, Valdemar Costa Neto. Os advogados de Marcos Valério querem que a ação penal, aberta pelo STF em agosto deste ano, seja suspensa até que o embargo seja julgado.

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