Pela manhã, a angústia da falta de notícias sobre o voo

Após primeiros rumores, equipe chegou a se tranquilizar com a informação de que queda era de um helicóptero

Por Ana Fernandes
Atualização:

SANTOS - A apreensão se instalou desde o primeiro momento em que a equipe de Márcio França, presidente do PSB de São Paulo, ouviu falar da ocorrência de um acidente envolvendo uma aeronave na cidade de Santos. O candidato à Presidência da República pelo partido, Eduardo Campos, havia embarcado num jato particular no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e era aguardado para cumprir um dia de agenda de campanha no litoral sul de São Paulo.

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Por volta de 10h30 de ontem, na Casa do Norte, um bar e restaurante localizado na região de Vicente Carvalho, no Guarujá, cerca de 30 pessoas entre militantes e jornalistas já começavam a se aglomerar em busca de alguma informação sobre a demora do presidenciável.

França, amigo de longa data de Campos e candidato a vice-governador na chapa do tucano Geraldo Alckmin (PSDB), tinha estampado na face o sentimento de desespero por não conseguir nenhuma notícia. Pouco antes, como veio a relatar a pessoas que estavam próximas, ele viu o jatinho de Campos se aproximar por duas vezes para tentar pousar na Base Aérea de Santos, localizada no município. Companheiros da equipe tentavam tranquilizá-lo com as informações iniciais, repassadas pelos bombeiros de Santos, de que o acidente envolveria um helicóptero.

Desespero. França e seus assessores tentavam desesperadamente falar com aqueles que sempre acompanhavam o candidato à Presidência, o assessor de imprensa Carlos Percol e o ex-deputado Pedro Valadares, assessor direto do candidato. Descobriu-se que o assessor Rodrigo Molina, que também participava do dia a dia de Campos, havia seguido para o Recife com a mulher do ex-governador, Renata, e com o filho caçula do casal, Miguel.

Às 11h30, ainda não havia nenhum sinal de ninguém que estaria presente na aeronave. Os clientes da Casa do Norte que estavam comendo e fazendo compras no estabelecimento já percebiam que algo grave estava acontecendo.

Casas ficam destruídas após queda de destroços de avião que levava Eduardo Campos, em Santos Foto: Maurício de Souza/Estadão

Os jornalistas que acompanhavam de perto a campanha do pessebista estavam especialmente apreensivos em razão da falta de contato de Carlos Percol. O assessor de imprensa sempre respondia de forma ágil as demandas, seja por e-mail, celular ou mensagens de texto. Entretanto, o último contato havia sido a mensagem que mandou a um grupo de jornalistas às 9h20: “Decolando agora pra Santos. Abs”.

Até então, todos ainda achavam improvável que tal tragédia tivesse acometido o candidato a presidente da República Eduardo Campos. Mas, conforme começaram a chegar informações que confirmavam a hipótese antes inacreditável, a expressão de Márcio França passou a se agravar. Ao lado dele, um dos integrantes da equipe contou que tinha um irmão piloto, que havia chegado ao local do acidente e passava informações via rádio. Até ali, não se sabia mais ao certo se era mesmo um helicóptero que havia caído ou uma aeronave. Foi então que o rádio tocou. “Era um Alpha Fox Alpha (prefixo AFA), bimotor”, disse esse integrante da equipe a França. Nesse momento, ele percebeu que o horror era real.

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Em menos de 15 minutos, veio a confirmação de que a aeronave acidentada tinha partido do Rio de Janeiro, assim como o voo de Campos. Não tinha mais jeito, era hora de começar a fazer ligações e avisar familiares, amigos e membros do partido sobre o que estava acontecendo. “Infelizmente, estamos presenciando ao vivo um momento muito trágico da história política brasileira”, relatou um assessor próximo a França. 

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