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'PDT está desprestigiado desde 2002' em SP, diz líder do partido

Segundo deputado estadual José Bittencourt, adesão CPI dos pedágios segue orientação de Paulinho da Força

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SÃO PAULO - Depois de contribuir com três assinaturas para a instalação de uma CPI para investigar a concessão de rodovias estaduais e dizer que o PDT pode estar "a caminho da oposição", o líder do partido no Legislativo paulista, José Bittencourt, admitiu estar insatisfeito com a relação com o governo Alckmin e afirmou: "Não descarto nenhuma possibilidade, a política é dinâmica". "O PDT sempre pleiteou espaço na administração pública, como todos os partidos da base aliada", disse ao Estado. O deputado ressaltou, porém, que este "é um momento de reflexão" e que o PDT não pretende "fazer oposição pela oposição".

 

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O apoio do PDT à CPI dos Pedágios é um ponto de inflexão no posicionamento do partido na Assembleia?

Não. Está havendo uma reflexão, não uma inflexão, a respeito da conjuntura política atual, da interlocução com o governo. O presidente estadual, Paulinho da Força (deputado federal), junto aos deputados estaduais na Assembleia, achou por bem se posicionar a favor da CPI dos Pedágios. O clamor da população é grande para investigar este tema.

 

Há uma insatisfação da bancada do PDT com o governador Geraldo Alckmin?

O que existe é o interesse do partido de apurar esse modelo de concessão para os pedágios. A coisa parece ser uma caixa preta, não se tem noticia dos custos envolvidos. O que queremos é investigar - é uma atribuição do parlamento. A população é extremamente exigente nesse aspecto. A Assembleia tem o poder de fiscalização e deve exercê-lo.

 

Mas por que o PDT não assinou a CPI em março, quando o PT fez o requerimento pela primeira vez?

Esse é um processo de diálogo e discussão. A vida política é marcada pelo momento. Eu tenho sustentado que o PDT é aliado do governo. O que nós queremos é apurar e discutir com o governo.

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A aliança com o PT pode se repetir no futuro?

Não existe aliança com o PT. O conceito de aliança é totalmente diferente. Neste momento, se trata de uma união de forças políticas para fiscalizar um tema que a sociedade exige que seja fiscalizado. A ideia é justamente dar sugestões e recomendações ao governo, até porque há alguns contratos de concessão de rodovias terminando. É um momento propício.

 

Mas o PDT tem alguma demanda específica?

A demanda é natural. O PDT sempre pleiteou espaço na administração pública, porque quer contribuir com o governo, como todos os partidos aliados. Não vamos abrir mão das nossas prerrogativas e de fiscalizar o Executivo quando acharmos necessário. Isso transborda a questão partidária.

 

Mas o senhor acha que o PDT está desprestigiado na relação com o governo?

O PDT está desprestigiado desde 2002. Tanto em 2002 quanto em 2006 elegemos cinco deputados e não ocupamos nenhuma secretaria. Agora somos quatro e continuamos sem espaço. Política se faz com conquista de espaço.

 

O senhor chegou a afirmar que o PDT "está a caminho da oposição"...

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Não descarto nenhuma possibilidade, a política é dinâmica. Podemos estar na oposição ou na situação. Para a democracia, é fundamental que exista situação forte e oposição forte. Não concordo em se fazer oposição pela oposição. Se esta for a decisão da bancada do PDT daqui para a frente, vamos fazer uma oposição construtiva, com autocrítica, propositiva. Nunca com rancor, com revanchismo.

 

Um dos deputados pedetistas, o Major Olímpio, já é da oposição. O senhor acha que os outros três deputados do partido podem fazer falta ao governo?

Um deputado pode fazer falta ao governo. Governo nenhum, com sensatez, abrirá mão de um deputado que tem voto e representa um seguimento da população.

 

Além dos pedágios, existe algum outro tema que o partido julgue que mereça ser investigado?

A cada nova CPI, vamos ponderar se vale ou não a pena assinar.